quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Você se ama tanto quanto ama alguém?

Amor próprio não tem a ver com orgulho, vingança, desdém ou qualquer outra ação para punir o outro pelo dano causado. Até porque a responsabilidade do dano é do outro, mas a abertura para tal dano, é nossa. Amor próprio se trata de ações onde mesmo amando, gostando, querendo bem o outro (com suas qualidades e falhas humanas), abdicamos da relação porque percebemos que ao permanecer nela teremos mais dor do que prazer.
Então, amor próprio tem a ver com cuidar da própria vida independente dos afetos que se tem por outrem, é sair daquele lugar que até então era aconchegante, é dizer tchau mesmo que a vontade no momento seja a de fingir que está tudo bem e ficar ali agarrada (o) em um passado feliz. É saber reconhecer os próprios limites, é dizer o que vier a tona porque o medo de não ser mais aprovada (o) não faz mais nenhum sentido.
Mas, por que temos dificuldade de nos amar na mesma proporção que amamos o outro, ou seja, de onde surge a baixa auto estima? A auto estima corresponde a forma como o indivíduo aprendeu se perceber no mundo e ela é adquirida através das primeiras relações deste indivíduo. Famílias onde o padrão de cobrança impera, em que a competitividade é uma constante, ou que mantém condutas de censura e castração, contribuem para que o indivíduo construa crenças negativas a respeito de si passando a se perceber como um ser incompleto e insuficiente. O medo da solidão fortalece esses sentimentos negativos a respeito de si, fazendo com que o indivíduo se doe totalmente nas relações sem respeitar os próprios limites até mesmo porque para ele não existem limites para evitar ficar sozinho e para ganhar a atenção de alguém que julga mais importante que a si mesmo.
E, como podemos desenvolver o amor próprio em uma auto estima fragilizada? Identificar todos os prejuízos da falta de amor próprio é fundamental para que o indivíduo não faça somente exercícios disciplinados para se amar, mas sim que ele perceba as consequências do seu padrão de funcionamento e todo o sofrimento envolvido nele. Começar a olhar para si ao invés de somente para o entorno também é importante para o indivíduo entrar em contato consigo e resgatar lembranças onde se sentiu amado, foi reconhecido e respeitado por aquilo que é e que faz. E assim, ao reconhecer o sentimento de amor dentro de si, inicie um processo eterno e interno de auto cuidado e de carinho por quem é.
Se amar então significa calçar o sapato no número certo pra não causar nenhuma dor para os pés, nenhum prejuízo para uma parte que é sua. Significa se permitir sair de tudo que aperta, prende, machuca, dói, que não é compatível com a nossa saúde emocional e projeto de vida.
Então preciso te perguntar, existe algo hoje que machuca o seu EU? Existe algo que te aperta, aprisiona, te nega e não te aceita por inteira (o)? Se sim, talvez seja a hora de tirar estes sapatos e buscar aquele que não só te enfeita, mas que também te cuida, te conforta e te ajuda a dar mais passos adiante.
É o teu corpo, são as tuas emoções, são os teus sentimentos. É a tua vida.
Tudo bem seguir em frente sem os sapatinhos dos seus sonhos, melhor seguir descalça do que com pés machucados.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Prazer x Responsabilidade: Como conquistar o equilíbrio?

Quem é que não gosta de comer uma comida gostosa, ouvir uma boa música, rir com os amigos, namorar, assistir filmes e séries…? Todas as atividades que são orientadas pelo prazer são facilmente desenvolvidas por qualquer pessoa, principalmente se essas atividades exigem pouco esforço para a sua execução: assistir a um filme, dormir, ouvir música… Isso porque o nosso corpo gasta menos energia executando estas atividades, o que contribui para diminuição do desgaste físico e emocional.
O problema é quando o contato com o prazer se torna exagerado, é como um remédio que tem o objetivo de curar ou amenizar a dor, mas que quando usado em grandes proporções se torna um veneno capaz de trazer sérios danos para o indivíduo.
Algumas pessoas relatam em terapia que não possuem “freio” para os prazeres, não conseguem controlar as suas emoções e buscam constantemente obter alguma satisfação mesmo sabendo que poderão sofrer prejuízos significativos devido a isso. É o caso de pessoas que compram indiscriminadamente apesar das dívidas que já possuem, que comem de forma descontrolada apesar de saberem que isso acarretará em culpa e posteriormente, insatisfação, pessoas que traem embora temam as consequências da descoberta pelo (a) seu (sua) parceiro (a). Associado a estes comportamentos está a dificuldade de lidar com qualquer tipo de frustração mesmo que ela prive somente alguns poucos minutos de prazer e mesmo que insistir em um prazer traga mais prejuízos do que lidar com a frustração momentânea. A fuga é um mecanismo comum diante do contato com a frustração, e vem geralmente associada a raiva descomedida por ser privado de alguma satisfação.
Os excessos denotam dificuldade de encontrar sentido na vida além das satisfações proporcionadas por fatores externos. Logo, o indivíduo passa a desenvolver uma compulsão por prazer na tentativa de não entrar em contato com a sensação de vazio, tristeza e falta de sentido com relação a própria vida. Todos estes comportamentos escondem traços depressivos, e podem não ser identificados pelo indivíduo, suas queixas estão mais baseadas na dificuldade de insistir em algumas atividades e perda de interesse em atividades que antes ofereciam satisfação. Ás vezes as queixas surgem através de irritabilidade com algo ou com alguém que limita seu prazer, e sobretudo, com a falta de controle sobre algo ou alguém.
Dois passos são fundamentais para lidar com esta situação: é necessário aprender a “apertar o freio dos prazeres”, e sanar as insatisfações que constituem o gatilho básico para a busca constante por prazeres.
Um modo de apertar o freio dos prazeres é intercalando os mesmos com alguma responsabilidade. É necessário treino e dedicação, e a motivação para esta dedicação pode partir através da identificação dos prejuízos que se tem ao seguir a vida baseado na procura por satisfações o tempo todo. Então, quando o indivíduo perceber que por trás de cada prazer há um prejuízo, poderá construir mentalmente um novo modelo para viver a curto, médio e longo prazos. Através das metas que devem começar brandas, o indivíduo poderá avançar não de forma a substituir aquilo que o satisfaz por aquilo que não o satisfaz, mas sim buscando enfrentar as insatisfações até que o prazer se torne uma recompensa por ter cumprido algumas responsabilidades.
Para lidar com as insatisfações é necessário identificar que mensagem que elas passam, às vezes, crenças disfuncionais é que alimentam a fuga daquilo que julga-se não ser prazeroso e ao enfrentar as insatisfações ou responsabilidades, se observa que elas nem exigem tanto esforço assim, e que podem ser conciliadas com prazeres.
A busca por um profissional da psicologia é importante para desenvolvimento do autoconhecimento, identificação de crenças negativas, elaboração de sofrimento e construção de novas formas de enxergar a vida. Pense nisso, o seu maior prazer deverá ser a construção da sua própria paz.

"Eu não sinto" - Qual a relação entre o toque e a afetividade?

O tato é o primeiro canal de comunicação do indivíduo com o mundo. É através do toque que o bebê sente que existe algo além dele mesmo, que percebe sensações como frio, calor, que identifica se o toque lhe dá prazer ou dor. A pele é o órgão responsável por receber o toque, é através dela que as sensações são recebidas e identificadas.
As sensações que cada indivíduo tem ao ser tocado estão relacionadas ao modo como ele recebeu carícias na infância. Assim como todos os mamíferos, os bebês humanos possuem a necessidade de se sentirem seguros e aconchegados, e a forma como buscam a satisfação desta necessidade é através do contato próximo com outro, e que se dá principalmente com os seus genitores. Assim, será através das carícias que o bebê obterá o afeto e a intimidade que precisa, já o alimento e a tonalidade da voz dos pais, por exemplo, serão complementos e reforçadores destas carícias, justamente porque a pele é o primeiro plano da consciência humana.
O ser humano por possuir capacidade simbólica de interpretar e dar significado às suas experiências, consegue dar significado ao toque, simbolizar e interpretar por exemplo um aperto de mãos ou um cafuné, uma massagem, um beijo, uma relação sexual, sendo que este significado será dado de acordo com os limiares de prazer e desprazer que as sensações trazem.
Se você, quando criança caiu e machucou os joelhos e pediu para a mãe cuidar dos ferimentos, sabe o quanto o toque alivia dores. Se você já perdeu alguém e no momento do sofrimento recebeu um abraço, sabe o quanto o toque pode confortar. Se você já sentiu muito medo de enfrentar uma situação e naquele momento teve uma mão para segurar a sua, sabe o encorajamento que o toque traz.
Contudo, não são todos os indivíduos que conseguem integrar o ato de  tocar com os sentimentos. Para algumas pessoas, tocar e ter sentimentos são canais totalmente diferentes onde um independe do outro. A falta de contato corporal ainda nos primeiros anos de vida contribui para a dissociação do sentir e do pensar, estruturando desta forma personalidades que trazem consigo uma sensação constante de vazio, medo de entrega afetiva, falta de contato corporal e tendência a racionalizações. Assim, entende-se que a forma como as necessidades de carícias foram supridas na infância será expressada no modo como o indivíduo quando adulto irá demonstrar seus sentimentos tanto para si quanto para àqueles com quem se relacionar.
O medo de sentir dor é o conflito básico de indivíduos que possuem tendência a racionalização e dissociação dos sentimentos, isso porque em algum momento da sua vida este ser entrou em contato com situações de extremo sofrimento buscando na razão uma forma de evitar entrar em contato com qualquer tipo de dor. Contudo, ao evitar-se entrar em contato com a dor, evita-se também entrar em contato com o prazer, o que contribui para o fortalecimento da sensação de vazio existencial e de insatisfação constantes.
Uma forma de lidar com o medo de sentir é tentar identificando a visão que o indivíduo tem de si, e principalmente, quais ganhos e prejuízos de fortalecer este traço de carácter. Identificar comportamentos que contribuem para a fuga dos sentimentos também possibilita um reajuste comportamental, contudo, a mudança principal precisa ser a partir dos próprios sentimentos. Quando avaliamos todas as crenças apreendidas no decorrer da nossa vida, começamos a sentir as emoções que elas causam e o que está indiretamente contido nelas. É assim que a elaboração de traumas e conflitos que justificam o bloqueio emocional podem ocorrer.
Se você se identifica, busque auxílio psicológico, perceba o que o medo de sentir tem trazido para a sua vida, e como você gostaria de preencher a sensação de vazio existencial que sente. Se permita mudar, é através do toque que conseguimos identificar sentimentos registrados na nossa psiquê e ressignificá-los.

domingo, 20 de agosto de 2017

Como você lida com as frustrações?

Receber um “não” é sem dúvidas, frustrante, afinal, ele corresponde a uma negação da satisfação de um desejo ou de uma necessidade que não depende unicamente de nós. Quando somos crianças não compreendemos bem as regras sociais, e somos movidos pelo desejo imediato, embora muitas vezes ele nada tenha a ver com uma real necessidade. Pedimos para a mãe nos deixar comer o doce antes do almoço e somos frustrados ao ouvir: “Agora não”. Choramos, tentamos barganhar, batemos o pé, brigamos, tudo em prol de satisfazermos a nossa vontade, de sermos atendidos, de ganharmos o conflito.
Acontece que conforme os anos passam, as regras sociais exigem que o indivíduo se adapte à elas, deixando de lado muitas vezes a sua própria vontade. Logo, o controle das próprias emoções se torna fundamental para uma convivência pacífica em sociedade. Contudo, algumas pessoas possuem dificuldade em se adaptar a regras, principalmente porque elas geralmente exigem responsabilidade e abdicação dos próprios prazeres.
Provavelmente você já ouviu a expressão: “Não sabe perder!”. Algumas pessoas não admitem uma frustração, apresentam dificuldade em aceitar determinada perda (por mais banal que ela possa parecer: jogos, competições, promoções…), e assim entram em contato com vários sentimentos que possuem representações extremamente dolorosas, geralmente associados aquilo que o “não” representava para elas na infância, agindo deste modo, como se ainda fossem crianças.
Há quem fique triste e melancólico, fazendo da perda uma barreira para a busca de novos “sim’s”, há quem considere que o “não” que fora recebido corresponde a uma punição por não ser merecedor, ou bom o suficiente, deste modo afetando a própria auto estima e podendo desenvolver quadros depressivos. Mas há também quem fique irritado e com dificuldade de controlar a própria raiva, agredindo verbal ou até fisicamente qualquer pessoa que tente amenizar a situação.
A capacidade de lidar com frustrações está diretamente ligada a forma como o indivíduo aprendeu a se ver diante da vida. Este aprendizado é construído ao longo da história de vida de cada pessoa, a forma como os pais ou educadores ensinaram a criança a lidar com perdas contribui significativamente para o modo dela se enxergar em sociedade.
Pessoas com comportamento imediatista, que lidaram precariamente com frustrações ou que não entraram em contato com elas porque conseguiram a satisfação de todas as suas vontades seja através de um choro, de um grito, birra ou briga, aprenderam que este é um meio de conseguir o que desejam, e diante do recebimento de um “não” agem desta mesma forma buscando transformá-lo em um “sim”. A agressividade diante da frustração também é comum em quem não aprendeu a pensar em sociedade, ou seja, além do seu próprio bem estar, deste modo, direta ou indiretamente descontam a raiva que sentem em quem se aproximar ou interromper os seus desejos.
Para lidar com as frustrações de forma saudável e adulta, é necessário analisar os sentimentos que um “não” causa, estes sentimentos precisam ser analisados para que seja identificada a sua origem e elaborada a sua causa. Esta alternativa é importante porque contribui para que o indivíduo reestruture a forma de ver a vida e também de se enxergar nela.
Compreender que desejos não são o mesmo que necessidades também é importante para a aceitação da frustração, quando a frustração for designada a uma necessidade, é fundamental que o indivíduo busque meios de exercer os seus direitos.
Aprender com o resultado das ações pregressas: brigas, discussões, conflitos, também auxilia no enfrentamento da frustração com uma nova ação, mais condizente com a idade e com a responsabilidade que se tem.
Por isso, ao perceber que você tem dificuldade de controlar as suas emoções diante de uma frustração, procure identificar os pensamentos e as sensações que surgem e busque auxílio psicológico para elaborar suas questões e aprender a administrar de forma saudável os “não’s” recebidos ao longo da sua vida.

Como você tem buscado a sua felicidade?

As exigências sociais, cada vez mais orientadas pela exposição da própria felicidade através das redes sociais possuem um implicante muito importante a ser analisado: a sensação de obrigatoriedade em se encaixar em padrões estabelecidos culturalmente.
E, diante das tentativas em se encaixar naquilo que é considerado bom para um determinado público, ás vezes acabamos relembrando dores há muito esquecidas, ou ainda, desenvolvendo consequências difíceis de serem administradas devido a crença que temos a nosso respeito diante da dificuldade em ser como as “pessoas felizes” são.
Ter vários amigos, frequentar diversos eventos, estar envolvido em alguns projetos sociais e profissionais, buscar constantemente novas paixões, novas ocupações, são comportamentos que implicam em movimento e este, muitas vezes é associado a felicidade. Contudo, em alguns momentos o movimento e a busca incessante por felicidade podem representar fugas de dores emocionais, e ou, pode indicar insegurança pessoal, afinal, quando seguimos os modelos de felicidade de alguém, confirmamos a dificuldade que temos em construirmos os nossos próprios modelos.
Estas exigências embora se dêem de forma velada, ou seja, nem sempre vem através de pedidos alheios, mas sim através das próprias comparações que fazemos com relação ao que o outro expõe, precisam ser observadas não como regras para conquistar a tão almejada felicidade, mas sim, como possibilidades, estratégias, alternativas para se sentir feliz.
Diante do término de um relacionamento conjugal por exemplo, algumas pessoas partem na busca de novas ocupações, formas de preencher a dor da frustração originária da perda do seu objeto de amor. Assim, tentam curar suas dores preenchendo todos os espaços vazios dentro de si, contudo, ainda assim não se sentem feliz porque a ocupação não é o alimento certo para preencher aquela dor mais profunda: a da perda. E dessa forma se sentem ainda mais distantes da felicidade, afinal, lidam tanto com a frustração originária da perda quanto com os sentimentos vinculados a impotência e ou incapacidade diante das tentativas de serem felizes.
Desta forma aprendem a substituir prazeres ao invés de curar dores, e, alimentam continuamente a própria insatisfação pessoal, retardando o processo de luto que é tão importante diante de perdas afetivas.
Se, diante das tentativas de se encaixar naquilo que representa ser feliz para o outro você se sentir frustrado, triste, irritado, preste atenção naquilo que você tem feito consigo. Todos nós possuímos capacidade de autoregulação, logo, todas as respostas necessárias para abrandar o sofrimento estão conosco, o que dificulta o acesso à elas é a tendência em buscarmos externamente, através de modelos estabelecidos, o caminho para a felicidade.
Cada indivíduo tem seu conceito de felicidade, contudo, algumas pessoas desconhecem o seu, por isso também que tentam viver aquilo que para o outro faz sentido. Esta tentativa é válida porque demonstra a busca por satisfação e logo, a necessidade de dar novos sentidos para a vida, contudo, se ao insistir nestes modelos você se perceber frustrado e insatisfeito, reconheça a importância de retornar para si e buscar internamente as respostas para as suas próprias perguntas.
Ás vezes você só precisa parar, descansar, e estar consigo. Ás vezes o vazio emocional não é devido a falta de companhia, mas sim da falta de respeito e de amor consigo.

domingo, 6 de agosto de 2017

O que você tem esperado da vida é compatível com o que você tem investido nela?

É comum a muitas pessoas o desejo de receber da vida a satisfação de todas as suas necessidades e desejos. Você provavelmente já quis muito que o outro o satisfizesse sem que para isso você tivesse que pedir o que precisava ou queria, ou ainda, já sentiu muita raiva por não ter sido atendido por quem você queria, no momento que queria e do jeito que você queria.
Para a psicoterapia corporal, ou Reichiana, uma abordagem da psicologia que busca compreender os comportamentos e emoções através da relação entre os bloqueios corporais e emocionais; estas características mencionadas acima correspondem ao traço de caracter chamado oral, que corresponde amplamente, a um padrão emocional e comportamental fixado na fase de desenvolvimento oral. O conflito básico do oral diz respeito ao seu direito de receber suporte afetivo, a sensação de privação é que faz com que ele queira receber sempre mais afeto e prazeres em geral, podendo negar as responsabilidades que a vida exige e dispensar toda forma de se esforçar para obter algo embora queira muito este “algo”. Como sente em si uma falta muito grande, solicita muito do outro o preenchimento das suas carências, podendo ficar depressivo ao entrar em contato com as suas “ausências”, e ficando agressivo quando é privado daquilo que quer.
O duelo entre dependência e independência é uma constante também na vida do oral, pois, do mesmo modo que poderá querer receber amor, poderá devido ao medo da frustração, negar qualquer manifestação de amor numa tentativa de evitar uma hipotética rejeição, esta também é uma forma de afirmar que “não precisa de ninguém” e assim evitar novamente o medo de não ser satisfeito pelo o outro embora o seu desejo íntimo é ser amparado e satisfeito por alguém.
É comum que responsabilizem o outro ou o mundo pelas suas frustrações e tristezas, pois não conseguem enxergar-se protagonistas diante da vida, se vêem apenas como o “mocinho” ou a “mocinha” que se tornam vítimas dos vilões da vida que ora são representados pelo (a)  chefe, cônjuge, amigos, pais…
O grande desafio de quem possui predominantemente este traço de caracter é conseguir se suprir emocionalmente se tornando independente de forma saudável e não forçada, compreendendo que não é mais um bebê e que precisará construir o seu mundo de acordo com as suas próprias demandas.
Todos tem o direito de se sentir tristes por não serem atendidos, mas a situação para que não envolva sofrimento precisa ser vista de forma realista e não através das próprias neuroses de rejeição, privação ou abandono que o indivíduo possui e que foram originadas na infância, predominantemente em momentos onde ele enquanto criança precisava receber suporte afetivo. São estes conflitos que contribuem para sofrimentos diante de situações que por si só não tem esta implicação diretamente na vida adulta.
Por isso, antes de perguntar se o outro está sendo uma boa pessoa para você, se questione se você tem sido uma boa pessoa para si. Utilize o amor próprio para construir a sua maturidade emocional e assim, se tornar protagonista da própria vida. Embora o mundo não corresponda a todas as expectativas que criamos, podemos nos aproximar da nossa satisfação fazendo a nossa parte, e é este movimento de investir naquilo que se quer que  contribuirá para a própria felicidade, que precisa ser desenvolvido, sem raiva, orgulho e prepotência, mas simplesmente pela compreensão que por mais que se queira, o mundo não é uma eterna mãe e nós, não somos eternas crianças.
Reflita sobre como você tem se relacionado com o mundo e quais expectativas você tem criado para com ele e com as pessoas em geral, e observe como você tem contribuído com a sua parte para a satisfação dos seus desejos e necessidades. Deste modo, procure auxílio psicológico para elaborar os conflitos que orientam os comportamentos, esta ação corresponde a dar um passo em direção ao auto cuidado e ao respeito por si, além de ser um investimento em relações mais saudáveis e maduras.

domingo, 23 de julho de 2017

Está tudo bem não estar tudo bem

Tem dias que você sente que as coisas ao seu redor não estão tão legais como nos outros dias, que situações que há um dia atrás eram facilmente contornadas ganham da noite pro dia um peso imenso e exigem muito esforço para lidar com elas. As pessoas estão “chatas”, o ambiente está “pesado”, o dia está “feio”. Até que alguém pergunta: “Tudo bem?” E você percebe que realmente não está, que não foram as coisas que mudaram da noite pro dia, foi você que não acordou tão resiliente assim.
Pessoas que são rígidas consigo mantém um padrão de exigência com o outro mas principalmente com elas mesmas, e por isso sentem dificuldade em tolerar quando não estão tão bem como acham que deveriam estar. Não conseguem acolher as próprias limitações emocionais e possuem a tendência em mascarar o que sentem, ou ainda, inconscientemente se desconectam das próprias sensações e adotam comportamentos padronizados como forma de garantir que vai ficar tudo bem: forçam um sorriso, insistem em atividades custosas, negligenciam os “sinais” de que não está tudo bem assim.
Todas as emoções e sentimentos possuem uma origem, um motivo para estarem ali. Porém as vezes não conseguimos identificar o que existe por trás daquela tristeza, da irritabilidade, da angústia, apenas sentimos que não estamos como nos demais dias. E neste momento, ao nos darmos conta de que não é o dia que ficou “ruim” de repente, mas que é o nosso olhar sobre ele que o fez ficar “ruim”, que precisamos nos questionar: “O que eu estou precisando neste momento?”
Quando fizemos pausa nos julgamentos com relação ao que sentimos e sobre a nossa falta de resiliência, passamos a escutar verdadeiramente as mensagens que nosso corpo está mandando. Ás vezes só precisamos de um descanso, de uma pausa no modo automático de viver, ás vezes precisamos de uma companhia que acolha os nossos sentimentos, ou ainda, de um tempo sozinhos. E se nos ouvirmos com sensibilidade, treinando a censura para que ela dessa vez fique longe dos nossos desejos, conseguimos parar de lutar contra aquilo que precisamos no momento e passamos a nos acolher integralmente.
Este acolhimento que buscamos geralmente no outro, precisa antes de tudo ser desenvolvido por nós mesmos. E a melhor forma de desenvolvê-lo é minimizando a auto censura, os julgamentos e a exigência de que temos sempre que “dar conta” das próprias emoções. Cada vez que negamos a forma como nos sentimos aumentamos o sentimento de insatisfação porque vamos agir não de acordo com o que o nosso sentimento está nos pedindo mas sim de acordo com o que julgamos que ele deveria pedir.
A recorrência de períodos de tristeza ou irritabilidade precisam ganhar atenção, e a melhor forma de se acolher nestes momentos é buscando auxílio psicológico. Se você hoje não está se sentindo tão bem como gostaria de estar, perceba o que seu corpo está pedindo e de que forma você pode atender a este pedido de forma saudável, para se reequilibrar e fortalecer a sua resiliência para os próximos momentos.
Está tudo bem não estar tudo bem, acolha os seus sentimentos ao invés de negá-los ou de querer transformá-los racionalmente. Seja amigo (a) de quem você é e evite sobretudo censurar o que você está sentindo.

Qual o significado da sua vida?

Há quem siga correndo pela vida numa busca desenfreada para conquistar a tão almejada felicidade, há quem viva no modo “automático”, outros, “levando” ou “empurrando” a própria existência com olhos desvitalizados e com o corpo cansado, há também quem se entusiasme a cada dia e busque nele sentidos para a caminhada. Independentemente do modo como cada um vive, todos possuem o mesmo desejo: sentirem-se felizes.
Cada indivíduo possui registros de satisfações que foram construídos a partir das suas primeiras experiências. Cada desejo satisfeito, cada necessidade atendida contribui para que ele desenvolva inconscientemente fantasias a respeito da própria felicidade. Geralmente essas promessas de felicidade são depositadas em algo ou em alguém. É assim que fazemos projetos de vida, nos lançamos à desafios, construímos felicidades para cada etapa de vida. Se quando somos crianças nossa maior felicidade é brincar e ter o colo dos pais, quando nos tornamos adolescentes vislumbramos na liberdade a tão esperada felicidade, as escolhas profissionais, os relacionamentos também constituem tais promessas de felicidade que surgem a partir de cada etapa do desenvolvimento.
Contudo, quando não há equilíbrio entre prazer e realidade, ou seja, quando todo o investimento gira em torno de uma única conquista, ocorre um fortalecimento da fantasia, e é onde se passa a acreditar que somente a obtenção daquilo que se quer é que trará a verdadeira satisfação, ou ainda, a tão almejada felicidade.
Baseado neste contexto, algumas pessoas tem dificuldade de se reestruturar após uma frustração. Como colocaram nas mãos de algo ou de alguém o sentido da própria vida, quando não conquistam o que desejam passam a acreditar que não existe mais possibilidades de serem felizes, perdem as esperanças e desenvolvem de acordo com cada estrutura de personalidade, comportamentos decorrentes da culpa que sentem, ou da raiva, vitimização, agressividade, desdém…
É importante que seja analisado onde estamos colocando as nossas expectativas, e de que forma estamos caminhando ao encontro das conquistas que almejamos. Ás vezes, o indivíduo procura desenvolver um relacionamento saudável, contudo, age evidenciando o outro e se negligenciando na relação, ou seja, o sentido da própria vida dele acaba sendo incongruente e a tendência a frustração se torna maior que a da própria realização.
Por isso é fundamental observar por que estamos caminhando de determinado modo, e além disso, por que construímos tal desejo como ideal para a nossa satisfação. É necessário ter cautela com a tendência a se deixar influenciar por ideais de felicidade, pois, a crença em uma receita única para a satisfação pode contribuir para quadros de insegurança, baixa auto estima, insatisfação e despersonalização.
Outro ponto importante é sobretudo, manter a atenção na realidade para compreendermos que a vida pode ter vários sentidos, e que a frustração de uma conquista não precisa ganhar mais poder do que as outras várias possibilidades de felicidade.
Por isso, perceba qual o significado que você quer dar para a sua vida e de que forma está indo ao encontro dele. E sobretudo, avalie se você realmente se identifica com este significado, afinal, a vida é sua e somente você poderá dar o seu sentido à ela.

Essa pressa faz sentido?

Você já se perguntou sobre o porque de estar correndo tanto? Diariamente lidamos com cobranças externas que nos dizem que precisamos ser os melhores profissionais dentro da nossa área de atuação, que precisamos ser o melhor filho, pai, marido, esposa, amiga, nora… E na tentativa de atingir todas essas expectativas sociais, esquecemos de questionar se realmente queremos ser os melhores, e mais ainda, o que realmente significa  ser melhor para nós.
Todo o esforço para atingir um ideal seja ele pessoal ou profissional ignora a realidade. É que parâmetros como melhor ou pior dependem de várias circunstâncias e principalmente, partindo deste raciocínio, do olhar do outro para serem considerados como tal. E quando consideramos que existe um outro capaz de avaliar se somos bons ou não, precisamos entender que  somente poderemos fazer o que está dentro das nossas limitações, contudo, que a avaliação poderá ser baseada no que fizemos ou simplesmente na forma como o outro por diversos motivos nos considerou.
É por isso que é tão importante termos definido individualmente o que é bom e ruim para nós, porque é a partir disso que conseguiremos nos afastar da necessidade de sermos reconhecidos e aprovados pelo o outro, compreendendo que cada indivíduo possui os seus motivos pessoais para cada escolha que toma, e que apenas podemos nos apropriar daquilo que nos satisfaz ou que nos causa desprazer. Ou seja, é identificando aquilo que queremos ser que automaticamente entramos em contato com a realidade e nos afastamos das idealizações que quando não são dosadas, criam ilusões a respeito da felicidade.
Pessoas que possuem estruturas de personalidade que se formaram em lares com educações rígidas de exigências, desenvolvem a crença de que precisam constantemente satisfazer as pessoas a partir das expectativas que elas mesmas criaram a seu respeito. E na tentativa de agradá-las, buscam constantemente atingir uma excelência em todas as áreas da própria vida, ou, daquelas que mais são valorizadas e reconhecidas por aqueles que exigem tal conquista.
Esta exigência externa quando não é administrada com equilíbrio no sentido de ser motivadora, acaba sendo internalizada e se transformando em uma auto exigência. As consequências são o fortalecimento da competitividade com um fundo emocional de baixa auto estima, dificuldade de lidar com frustrações, auto punições, dificuldade de reconhecer os próprios limites e distanciamento de quem se é para atingir aquilo que acha-se que é, tendo como base o reconhecimento alheio.
Ás vezes as expectativas do outro podem ser baseadas no que ele vê como sendo melhor para nós e realmente pode fazer sentido se ele nos conhecer, contudo, é importante questionarmos se realmente queremos este modelo de vida, por mais benéfico que pareça ser, para nós. É que cada indivíduo possui as suas próprias identificações, por isso é fundamental, antes de tentar se ajustar naquilo que o outro acredita que possa ser bom para nós, analisar se realmente nos identificamos com aquela oportunidade, ou se estamos nos permitindo investir nela somente para agradá-lo ou por desconhecermos o que essencialmente queremos.
Por isso é fundamental reajustarmos o foco constantemente e identificarmos o motivo de estarmos ás vezes passando por cima dos nossos próprios limites. Assumir que não se quer ser “o melhor” é geralmente, doloroso porque significa dizer: “Eu abro mão de te agradar para me agradar” e consequentemente pode implicar em perdas de alguns benefícios secundários, contudo, é uma forma autêntica de lidar com a realidade e admitir a importância de valorizar o bem estar pessoal independente das expectativas que criaram a nosso respeito.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Você tem dificuldade de “dar o braço a torcer”? Entenda como o sentimento de inferioridade influencia na constituição do orgulho

Todo indivíduo carrega consigo o desejo de ser amado incondicionalmente, ou seja, de ser aceito do jeito que ele se apresenta ao mundo. Nosso primeiro vínculo afetivo se constrói através daquele que sana as nossas necessidades, que satisfaz as nossas angústias. Sendo assim, somos seres relacionais e buscamos constantemente vínculos onde é possível sermos acolhidos, e consequentemente, aceitos, satisfeitos de acordo com nossas necessidades e desejos tanto por aquilo que somos quanto por aquilo que temos (podemos oferecer).
Porém, quando as relações favorecem situações onde estão presentes questões que envolvem traições, substituições e enganações, deixam marcas na personalidade de quem as vivencia, e se o indivíduo foi a pessoa que se sentiu diminuída pelo outro, poderá desenvolver uma baixa auto estima, e quando recorrentes tais situações, e diante da dificuldade de compreender a realidade de uma forma saudável, poderá desenvolver núcleos psicológicos onde o sentimento de inferioridade é o que impera e rege todos os seus comportamentos.
Contudo, diante da dificuldade de aceitar as próprias limitações e compreender a realidade, e mais que isso, por ter desenvolvido uma crença disfuncional de que existe algo melhor que ele próprio, e assim ter dificuldade de compreender que a traição não significa uma troca por alguém melhor, por exemplo, poderá fazer com que o indivíduo construa inconscientemente máscaras psicológicas para não ter que lidar com o sofrimento oriundo da traição ou humilhação e do sentimento de inferioridade. É assim que surge o orgulho. Na tentativa de não ser diminuído novamente perante o outro, o indivíduo adota comportamentos de desdém, ou constrói crenças pessoais de que ele é maior e melhor que determinada pessoa, por exemplo, e que sendo assim, não irá se diminuir (demonstrar seus verdadeiros sentimentos para ela).
Na psicologia entende-se que o orgulho é uma defesa contra a sombra. A sombra corresponde a um aspecto da personalidade do indivíduo que possui comportamentos e sentimentos que não são aceitos por ele, logo, inconscientemente ele nega tais aspectos e passa a desenvolver um mecanismo para se defender deles, neste mecanismo pode então estar presente o orgulho.
Por trás daquele indivíduo que tem dificuldades de assumir o que sente ou de reconhecer as conquistas do outro, podem existir sentimentos de inferioridade consigo. Algumas pessoas sentem muita dificuldade de assumir as suas verdadeiras vontades principalmente quando elas implicam na aceitação do outro para a sua satisfação. O medo de se sentirem fracas, pequenas, humilhadas e nas “mãos do outro” faz com que elas criem jogos de “faz de conta”, ou o famoso “se fazer de difícil” para obterem o que tanto querem. Em relacionamentos o orgulho se apresenta sob a forma de negar os próprios sentimentos, dificuldade de demonstrar o que sente, vontade de se sobressair perante o outro, ignorar quem o (a) procura para se sentir desejado (a)… Esses comportamentos se relacionam sempre com outros cuja origem pode ser insegurança, medo da solidão, raiva da submissão, desejo de ter o controle sobre tudo…
O medo de novamente entrarem em contato com os sentimentos mais primitivos de submissão, traição e ou humilhação faz com que estes indivíduos não sejam autênticos consigo e automaticamente com o outro, e passem a acreditar que precisam sempre ser melhores. Ser melhor para estas pessoas corresponde a não entrar em qualquer relação que envolva qualquer possibilidade de entrega afetiva, pois para elas, as marcas do passado em contextos de submissão são tão profundas, que evitam novamente passar por isso, e como o resquício das marcas traumáticas vem acompanhado de raiva, essas pessoas tendem a querer diminuir o outro ou vê-los “correndo atrás” delas. Esta é uma forma de se convencerem de que não são inferiores, afinal, existe alguém que está implorando pela sua atenção ou que se submete à ela.
Percebe-se a partir desta compreensão que o indivíduo que tem seus comportamentos orientados pelo orgulho é ainda, embora crescido, uma criança com o orgulho ferido e que tenta através das “armas” que possui, muitas vezes infantis, fazer justiça afim de mostrar a sua ira e afirmar a sua posição existencial de suficiência no mundo, desenvolvendo comportamentos prepotentes, arrogantes, “frieza” ou distanciamento emocional e necessidade de auto afirmação que evitam em alguns momentos entrar em contato com o sentimento de inferioridade mas em contrapartida trazem novos conflitos psíquicos.
Identificar o que se sente e a origem dos sentimentos é o primeiro passo para elaborá-lo. Elaborar um sentimento vai muito além de entendê-lo, é necessário tratar as marcas deixadas na psiquê do indivíduo para que com uma nova perspectiva da situação, ele consiga construir uma nova ressignificação para ela e transformar os seus comportamentos de acordo com os novos sentimentos.
Por isso o acompanhamento psicológico é tão importante. É através da psicoterapia que o indivíduo conseguirá compreender o que sente e assim se desenvolver de uma forma mais saudável e que o satisfaz.

sábado, 17 de junho de 2017

Alguns eventos ocorrem com frequência em nossa vida, geralmente não entendemos o porquê. Todos os comportamentos que são disfuncionais trazem resultados igualmente disfuncionais e quando não são analisados, permanecem orientando a forma como nos sentimos. 👉"Nada dá certo pra mim!", "Não tenho sorte!", "De novo me decepcionei."... Essas falas são comuns nessas situações repetidas, e traduzem a falta de análise do porquê da recorrência do sofrimento. Compreender o porque de tais resultados é fundamental para a adoção de novos comportamentos, para a mudança e sobretudo, para internalizar a lição por trás de cada acontecimento recorrente. 💡Já dizia Jung: "tudo aquilo que não enfrentamos em nós mesmos acabaremos encontrando como destino"

Quem você está se tornando?

Quem você está se tornando? Todas as nossas ações nos conduzem para uma consequência. A cada decisão tomada ou ação executada criamos uma imagem de quem somos, esta é a nossa identidade secundária - aquilo que fazemos e que nos torna seres da e para a sociedade. Há quem reflita sobre seus atos, há quem escolha viver no modo automático, o que é importante de ser considerado é que nas duas formas estamos construindo o nosso futuro, ou destino, como cada um preferir. 👉Quando pergunto aos pacientes quem eles estão se tornando reproduzindo determinados comportamentos, com frequência vejo a surpresa que tem ao pararem para analisar suas ações. E como consequência, a mudança de comportamento que adotam em seguida. 💡Por isso, refletir sobre onde queremos chegar e sobretudo como estamos caminhando para conquistar tal objetivo é fundamental para vermos se realmente estamos nos tornando aquela pessoa que tanto queremos.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Você tem se escutado? Quando o medo de errar gera auto cobrança

“Eu vou agir, mas antes preciso ter certeza que vai dar certo!” – Esta frase é proferida comumente no dia a dia, principalmente diante de escolhas. O ser humano busca a satisfação das suas necessidades bem como o prazer obtido através da satisfação dos seus desejos mais profundos. Por isso a busca por certezas é tão recorrente, todo indivíduo conscientemente busca escolhas que lhe tragam a realização de seus objetivos e diminuam ao máximo possível as possibilidades de frustração.
Contudo, alguns traços de personalidade desenvolvem ao longo de sua vida uma fixação psíquica no medo de sofrer, e este sentimento se ampara sob o seguinte pensamento: “Eu não posso errar!”. Ao estabelecer que não pode errar, o indivíduo determina que está no controle das situações permanentemente, o que contribui para a construção de padrões comportamentais regidos pela autocobrança, rigidez pessoal, ansiedade, comparações, dualidade, impotência e dúvidas constantes.
A dificuldade destes indivíduos se ampara necessariamente na não aceitação das próprias limitações. O medo de sofrer bem como as consequências que este sofimento pode trazer: julgamentos, cobranças, humilhação, perdas…, é tão intenso que o indivíduo por ter medo de atender os seus próprios anseios devido as consequências que isto trará, acaba buscando respostas para as suas dúvidas em fontes externas a si, não percebendo que através disso acaba colocando a sua possibilidade de felicidade em estatísticas, revistas, filósofos, livros de auto ajuda, outras pessoas…
Embora todas as ferramentas informativas sejam uteis ao desempenharem o seu serviço, nenhuma delas consegue se orientar através da subjetividade de cada indivíduo. Neste sentido, embora tais meios forneçam subsídios para propiciar uma escolha assertiva, nenhum deles consegue garantir a efetivação da felicidade de cada indivíduo ao fazer determinada escolha. É por isso que ficamos tão frustrados quando por exemplo seguimos uma receita, fazemos tudo que ela pede, mas no fim não gostamos do sabor do alimento que preparamos: nem todas as receitas conseguem atender todos os paladares, ou seja, não existe uma fórmula única que consiga satisfazer todos os indivíduos, a satisfação é completamente singular.
A busca por certezas surge devido a uma crença pessoal e que pode ter influências familiares – rede sistêmica – de que é necessário ter certezas e garantias para poder agir. Contudo, no comportamento de quem espera ter certezas, estão mascarados os sentimentos de insegurança e fragilidade, acompanhado de uma baixa auto estima, pois o indivíduo denuncia que não confia em si e no que sente, embora seu comportamento comumente se expresse em atitudes de onipotência e autocontrole, os famosos “sabem tudo”.
Somado aos fatores de insegurança e baixa auto estima, existe também uma dificuldade de confiar em si caso aquilo que se quer não aconteça e a frustração acabe surgindo. Ás vezes, a crença sobre o sofrimento decorrente de uma frustração é irreal e quando a situação é percebida como tal, surgem frases como: “Nem doeu tanto assim!”, “Pensei que fosse pior…” São nestas situações adversas, de extrema frustração que surge a possibilidade de se desenvolver a resiliência: que é a capacidade de lidar com as adversidades de uma forma mais branda, conseguir superar obstáculos e se refazer a partir da dor.
Todos nós em algum momento da vida nos sentiremos inseguros, com medo de tomar uma decisão, isso ocorrerá principalmente se nos registros da infância constarem padrões familiares em que existia a impossibilidade de confronto, ou onde as pessoas eram intolerantes com os “erros” e com as “frustrações”, ambientes onde a auto cobrança e a rigidez em ser assertivo eram as regras gerais. Todos os conflitos que não são elaborados permanecem vívidos e orientarão as escolhas no presente e no futuro. Se aprendemos que somente as figuras de autoridade possuem certeza sobre o que é melhor, continuaremos buscando auxílio nestas pessoas. Se aprendemos que somente os autores de livros de auto ajuda sabem o que dará certo, continuaremos confiando a nossa vida em tais roteiros. Se acreditarmos que todas as receitas conseguem satisfazer todos os paladares, permaneceremos executando o que é “correto” ou “adequado” e calaremos os nossos próprios desejos.
Por isso, se você deseja se apropriar de si, se sentir mais seguro e confiante com as próprias escolhas, faça o exercício do autoconhecimento: invista mais tempo e dedicação em se conhecer e saber como você funciona em determinadas situações e como se sente nelas. Este é um método que auxilia na identificação de padrões comportamentais e permite a reestruturação deles. A partir do autoconhecimento é possível analisar qual a origem do medo de errar e como ele tem orientado o próprio comportamento.
Assim, antes de procurar soluções prontas, busque em você mesmo construir as suas próprias soluções, ou aquelas respostas que lhe tragam segurança. E sobretudo, se perceba e se conheça oara que assim você consiga realmente confiar nos próprios sentimentos. Tente a cada dia se arriscar em situações do cotidiano: experimentar uma receita nova, trocar a cor do esmalte, adquirir livro de autor que é desconhecido para você. E caso se frustre, perceba como você lidará com esta frustração e se você pode transformá-la em aprendizado. Desenvolver a capacidade de encontrar alternativas que lhe assegurem no caso de se frustrar com uma escolha é também uma forma de se sentir mais seguro e menos angustiado.
Contudo, o melhor método para encontrar as respostas é se escutar e atender os próprios anseios, e a partir disso assumir as consequências diante das próprias escolhas.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Estou satisfeito com o que me oferecem?

Ás vezes o máximo que outro nos oferece representa o mínimo para nós, e tudo bem. Só que compreender isto não nos torna obrigadas (os) a aceitar o que ele tem a nos oferecer.

Temos vontades, necessidades, desejos a serem satisfeitos. E é comum levarmos alguns deles para os nossos relacionamentos conjugais. Os nossos princípios, a nossa história, as nossas experiências, educação e cultura contribuem para que formemos um modelo de relação que gostaríamos de construir, de viver. É importante que este modelo de relacionamento seja flexível e realista, mas que ele exista para nortear as nossas escolhas, e evitar que conscientemente busquemos relacionamentos que não nos satisfaçam parcialmente, que ao contrário, vão na contramão daquilo que nos faz bem.
Alguns modelos de relacionamentos não combinam com o que queremos, com o que consideramos saudável, são incapazes de nos tornar mais felizes. Alguns modelos de relacionamentos fazem a gente se sentir pequena (o), insatisfeita (o), infeliz.
A teoria do desapego por exemplo está crescendo, algumas pessoas tem buscado o mínimo de envolvimento possível, buscam relacionamentos com maior permissividade e descomprometimento, sem regras e fidelidade, alguns inclusive evitam qualquer contato afetivo, e se permitem somente ter experiências sexuais com a (o) parceira (o). Contudo, algumas pessoas não se adaptam a este modelo, e buscam o oposto: querem comprometimento, regras, fidelidade, sentem necessidade de se envolverem afetivamente, de dar e receber carinho, por exemplo. O que é comum nestes casos é a dificuldade que uma das partes tem em se manifestar, em dizer para o outro que não consegue se adaptar a este modelo, e que sente a necessidade de ajustarem a relação para permanecerem juntos. Geralmente há uma briga por individualismos: “Do meu jeito é melhor!”, ou, “Sou assim, me aceite.”
Neste modelo de relacionamento em que existe briga por individualismos ou onde um tenta construir ajustes enquanto o outro olha somente para as suas vontades, sempre existirá uma pessoa que se sentirá oprimida diante daquele que não quer se ajustar à relação.
E é assim que a pessoa que sente oprimida, devido ao seu envolvimento afetivo por exemplo, sofre calada, não comunica ao outro o que precisa, as suas insatisfações, ou quando comunica mas não é atendida (o), permanece no relacionamento tentando se adaptar ao que o outro quer ou consegue dar, recebendo o máximo dele (a), mas não conseguindo satisfazer as suas necessidades nesta relação. E é assim que chora, que se frustra escondida (o), que se negligencia. Que coloca um sorriso no rosto e diz: “Tá tudo bem, tö feliz, não preciso de mais nada além disso”.
Neste caso as insatisfações podem estar relacionadas à falta de espontaneidade na relação. Quando mantemos papéis automaticamente fingimos que não gostamos de carinho por exemplo, que não nos importamos se o outro não pergunta sobre o nosso dia, se ele (a) não nos inclui nos seus planos. Fazemos de conta para sermos aceitas (os), e não percebemos que agindo assim nos tornamos um reflexo do outro. Contribuímos para que o outro se relacione com uma cópia de si mesmo devido o medo ou o fato de não sermos amadas (os) incondicionalmente do jeito que somos.
Algumas pessoas justificam: mas se eu mostrar a minha vontade de querer estar mais perto, de termos um relacionamento sério, de irmos em tal lugar, de fazermos uma viagem, de não ir naquele restaurante de sempre, ele (a) não vai mais querer estar comigo. Vai dizer que é isso que pode me dar, que se eu quero estar com ele (a) então preciso me adaptar à isso que ele (a) oferece, que preciso aceitar. E assim dão ao outro o poder de orientar a relação, aceitam receber o máximo que o outro pode ou quer dar, sem se dar conta de que o máximo dele é o mínimo para si.
Diante disso cabe a pergunta: que relação você quer construir quando não é verdadeira (o) consigo e com o outro? E mais, em que momento você atenderá os seus desejos? Porque sabemos que tudo que não é sanado permanece insatisfeito.
Avalie portanto, se os ganhos que você tem neste formato de relacionamento são suficientes para permanecer nele, se você tem condições de aceitar este modelo e administrar as suas insatisfações. Tomar consciência das consequências das suas escolhas é fundamental para não culpar ninguém pelas nossas frustrações, e saiba que não precisamos aceitar o mínimo do outro mesmo que para ele isto é o máximo que pode dar. Não se alimente daquilo que lhe faz mal.

Por que invisto nisso?

“Me pego questionando: mas é isso o que eu quero mesmo?”
Você sabe por que tem insistido tanto? Insistir corresponde a investimento, busca, construção, iniciativa, e consequentemente, abdicação, afinal, quando investimos em uma situação, automaticamente abdicamos das outras oportunidades possíveis. Quando você se questiona sobre o porque de tanto empenho na busca de algo, começa a enxergar mais claramente os ganhos que a conquista disso lhe trará. Pode ser um emprego, uma faculdade, um curso, uma amizade, uma relação conjugal… Tudo aquilo que nos mobiliza a atuar em direção da conquista, merece uma análise do porque de tal movimento.
São as insatisfações, ou seja, o não ter, a falta em si que faz com que busquemos o prazer que se dá através da conquista, da obtenção de algo. Porém, é importante que saibamos exatamente o que queremos preencher com a conquista daquilo que estamos investindo. Ás vezes carregamos alguns medos, inseguranças que nos fazem buscar satisfação através de situações externas, e quando conquistamos, percebemos que o sentimento de insatisfação ainda se faz presente. Por isso é tão importante o autoconhecimento, porque é através dele que conseguiremos compreender os nossos sentimentos e como nos comportamos de acordo com eles.
Outro fator importante a ser considerado é que quando algo exige esforço e dedicação sem consequentemente trazer os resultados esperados, traz como consequência sensações de cansaço e estresse. E é nessas situações que nos desgastamos. Quando não percebemos o sofrimento trazido pelo desgaste emocional, podemos permanecer lutando por algo que por si só não é compatível com os nossos desejos ou necessidades. Um exemplo disso é o caso de alguém que insiste sozinha em uma relação conjugal, onde o (a) parceiro (a) já sinalizou que não tem os mesmos objetivos.
As vezes não aceitamos ou não temos consciência dos nossos vazios interiores, e partimos em busca de satisfazê-los a todo custo, e sem perceber, investimos tempo e esforço em algo que está fadado a não contribuir para este preenchimento. É assim que nós ficamos exaustos, cansados de fazer tanto esforço. É assim que nós nos magoamos, afinal, quando lutamos, queremos obter a conquista, e lutar sempre sem perceber os ganhos disso, acaba contribuindo para o surgimento de sentimentos como frustração e insatisfação.
Uma pergunta então que pode auxiliar nesta descoberta é: “O que eu espero obter com esta conquista?”. Quando analisamos as nossas expectativas, podemos identificar conscientemente se elas são reais, possíveis, ou se fazem parte de uma fantasia, de uma idealização que portanto não é possível de ser alcançada.
Lembre-se que o autoconhecimento é o método mais eficaz para escolhas assertivas, que são compatíveis com o que buscamos. Invista em você, torne o seu esforço um aliado na descoberta dos seus reais anseios.

Por que perdi o interesse?

Você sabia que por trás de comportamentos controladores existem núcleos psicológicos estruturados em sentimentos de insegurança e medo de abandono?
O medo de se sentir abandonado, ou rejeitado quando não é elaborado pode motivar defesas psíquicas afim de evitar lidar com tais sensações provenientes da solidão e da crença pessoal de incapacidade por exemplo. Essas defesas são construídas a nível inconsciente, é uma forma que o sistema psíquico encontra para proteger o próprio ego uma vez que ele não tem estrutura para lidar com todos os significados que a solidão, o abandono, a rejeição e a sensação de incapacidade representam para ele.
Deste modo alguns indivíduos desenvolvem comportamentos controladores para se assegurar de que não serão “deixados”, abandonados, rejeitados ou substituídos. Essa situação é comumente visualizada em relacionamentos conjugais.
Pessoas que possuem uma baixa autoestima, ou seja, desvalorizam a sua existência, não se consideram importantes, ou somente se sentem felizes consigo se utilizam de artifícios que não são próprios delas, ou ainda, que precisam da afirmação constante do outro para se sentirem confortáveis, podem sentir medo de se verem sem alguém que por exemplo, afirma o quanto elas são amadas. Deste modo, estas pessoas passam a controlar o cônjuge: são rígidas, insatisfeitas, ciumentas, possuem inclusive comportamentos infantis: “Eu quero que você faça isso agora!”.
Quando estas pessoas encontram parceiros (as) com traços de carácter passivo, ou seja, que acreditam que para serem amados (as) precisam fazer de tudo para o outro, conseguem estabelecer o controle da relação e do cônjuge. É o caso da pessoa que tem medo de ser “abandonada” devido a uma baixa autoestima e quando inicia um relacionamento se sente angustiada para oficializar a relação ou para ter algum demonstrativo de que o outro “pertence” à ela, assim passa a limitar o outro, a dar ordens, e buscar através destas ordens provas de que existe alguém que a ama.
Contudo, ao assumirem o controle da relação, estes indivíduos começam a lidar com uma nova angústia: o “tudo” que o outro faz por ele não é mais suficiente, se queixam porque não entendem como puderam perder o interesse no cônjuge e na relação se uma vez a desejaram tanto. Uma vez que conseguiram o controle que queriam, passam a olhar pro (a) parceiro (a) mas agora sem medo de serem abandonados (as) porque já conseguiram as provas que queriam, começam a perceber então o modelo de pessoa que está ao seu lado, e a falta de amor próprio do outro, a submissão do outro as incomoda. Na verdade, é quando olham pra baixa autoestima do outro que estas pessoas se angustiam, inconscientemente elas estão vendo elas mesmas. Na realidade, o que estas pessoas desconhecem é que para elas, amar significa controlar, que a falta de amor por si faz com que elas busquem o amor do outro para aliviar o vazio que sentem, e deste modo não conseguem respeitar este outro, e portanto, nunca aprenderam a amar de uma forma saudável e sem tantas defesas psíquicas.
Salientando que este processo acontece a nível inconsciente, ou seja, a pessoa não se dá conta do seu funcionamento, suas queixas num setting terapêutico são basicamente: “Ele (a) não me ama porque não fez o que eu pedi.”, “Ele (a) é muito bom (boa) para mim, mas perdi o interesse”. Ou seja, não percebem que a dor que sentem é resultado de uma defesa psíquica que para evitar lidar com uma dor mais primitiva, construiu uma outra forma de se relacionar gerando uma nova dor. Estas pessoas lidam constantemente com o medo do abandono, a ansiedade pelo controle, e a sensação de insatisfação, e também com a culpa por “não amarem mais”.
O abandono e a rejeição possuem uma representação diferente para cada indivíduo, é por isso que não é possível generalizar comportamentos, cada indivíduo irá se comportar de acordo com o significado que dá para as suas experiências relacionadas à estes temas. Este significado é sempre baseado nas suas primeiras experiências de vida, na forma como recebeu investimento afetivo, no modo como se percebeu no mundo. Se a pessoa aprendeu que se sentir amada é receber tudo o que quer, poderá controlar o (a) parceiro (a) para se convencer de que é amada.
Não existe possibilidade de modificar este ciclo comportamental se não através do processo de investir em si. Embora se busque outros relacionamentos ora porque não conseguiu controlar o cônjuge, ora porque perdeu o interesse na relação, enquanto os motivos por trás de cada uma destas ações não forem descobertos e refletidos, permanecerão regendo comportamentos, construindo círculos viciosos e cada vez mais fomentando a crença pessoal de que ninguém (o) ama.
É por isso também que o desenvolvimento de uma autoestima positiva é tão importante, além de estruturar um ego capaz de lidar com traumas infantis, por exemplo, como abandono e rejeição, consegue-se investir em relacionamentos onde exista coesão e respeito mútuo, sem se recorrer à jogos psicológicos.
A psicoterapia é caminho que possibilita as descobertas pessoais, a elaboração de traumas, além de auxiliar na construção de novas formas de se colocar no mundo.

O amor existe?

Acreditar nas potencialidades daquilo que um dia nos trouxe prejuízos é tarefa difícil, principalmente quando ainda não elaboramos os sentimentos que se referem à nossa última experiência de acreditar.
Raiva, frustração e impotência são comuns nestas situações e, geralmente reforçam crenças pessoais internalizadas por toda uma vida: “Nada dá certo para mim!”, “Não posso mais me envolver!”, “O amor não existe!”. É comum após rompimentos em relacionamentos, que num primeiro momento surja dúvida com relação a existência do amor. Contudo, quando o término do relacionamento não é elaborado, ele pode contribuir para reforçar estas crenças e assim, orientar os próprios sentimentos e comportamentos.
Então, quando o desacreditar se refere a um novo relacionamento, precisamos abordar alguns questionamentos:
  • “O que é amor para mim?” – Quando questiono os meus pacientes sobre seu conceito de amor, automaticamente identifico a forma como ele aprendeu que deve ser o amar e o ser amado. É comum ao afirmar que não acredita mais no amor, que na realidade o indivíduo esteja dizendo que não acredita mais neste sentimento porque as suas experiências com o amor não se concretizaram do jeito que ele imaginava ou esperava. Ás vezes acontece também que envolto no conceito de amor desta pessoa estejam presentes resquícios de romance e de fantasia originado das mídias (ficção, romances, novelas, músicas…) ou até mesmo dos exemplos de relacionamentos dos seus vínculos familiares e que as vezes não correspondem a realidade deste indivíduo. Assim, este indivíduo passa a afirmar com grande pesar que o amor não existe, sendo que neste caso o que não existe é a fantasia que ele construiu em torno dos relacionamentos.
  • “Eu não acredito ou não quero acreditar?” – Esta pergunta é importante para avaliar se o medo da frustração tem boicotado a vontade de investir novamente em um outro relacionamento. O medo de entrega, o medo de vivenciar as dificuldades que uma relação traz, o medo da frustração, podem ser a origem da descrença no amor, contudo, inconscientemente este sentimento de medo pode orientar os comportamentos do indivíduo fazendo com que ele simplesmente não se envolva mais.
  • “Eu não acredito mais, mas, quero voltar a acreditar?” – É importante identificar se existe a vontade de voltar a acreditar em um sentimento, afinal, o amor não é uma mágica, ele existe, ele é construção. Também é fundamental saber no que se quer acreditar. Ás vezes é difícil colocar a responsabilidade dessa escolha para si, assim o indivíduo a transfere para o outro ou até mesmo para o sentimento, desta forma afirma que não dará certo porque as pessoas não sabem amar. Mas ao surgirem estes pensamentos é importante fazer outra pergunta: Como eu tenho contribuído para que o amor que eu quero viver exista?
Quebrar a magia por traz do sentimento, e enxergá-lo como uma construção onde são necessárias duas pessoas dispostas a torná-lo real e possível constitui o primeiro passo para voltar a acreditar no amor. Quando compreendemos a realidade e a aceitamos sem máscaras, passamos a assumir uma postura mais espontânea e saudável diante da vida.
Acreditar em si, e nas próprias contribuições para uma relação também auxiliam significativamente no processo de acreditar no sentimento de amor. Enquanto existir vontade e disposição para tornar um sentimento real, existe motivos para acreditar que ele existe.
E sobretudo, é fundamental reconhecer que assim como nossas relações de amizade não se constituem somente do gostar, relacionamentos conjugais também não. É necessário construir outros sentimentos e atitudes para fortalecer as relações.
Por isso, quando perceber que os seus medos estão falando por você, procure auxílio psicológico e se permita acreditar naquilo que pode contribuir para a sua felicidade.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sobre indecisões devido o medo de errar

Temos a falsa crença de que é necessário ter certeza sobre tudo para que assim possamos decidir e agir. Frequentemente alguém justifica a sua falta de posicionamento com argumento de que precisa ter certeza se vai dar certo, ou que precisa se certificar de que nada vai sair do seu controle. E, na espera desta certeza adiam decisões que podem mudar completamente a forma como experimentam a felicidade em suas vidas.
Na realidade, o medo deste indivíduo está justamente em correr o risco de não experimentar a felicidade com a tomada de decisão, segundo este pensamento, é como se a felicidade fosse o pote de ouro que fica no fim do arco íris. Esta crença se baseia na hipótese de que existe um ideal de felicidade para cada escolha, ou seja, considera-se que a felicidade é um sentimento estático e externo, que encontra-se pronta, como um prêmio. Quando vista desta forma, realmente causa muito medo arriscar e mudar, porque, sabe-se lá em qual escolha a felicidade decidiu morar.
Quando o núcleo familiar ensina a criança através do próprio exemplo que existem conceitos fixos e rígidos de certo e errado, e que escolhas que levam a frustração são erros inadmissíveis, quando além do sofrimento da frustração a pessoa é punida – mesmo que indiretamente pelos pais –  e que precisa carregar consigo para sempre o arrependimento de não ter optado por outra escolha que lhe trouxesse a satisfação que aquela primeira não trouxe, bem, compreendemos que esta educação pode contribuir para a construção de indivíduos que sentem o  medo de errar como algo assustador e paralisante.
Frases como: “eu te avisei”, “sabia que você iria se arrepender”, “bem feito”, “quem mandou escolher isso?”, ativam o sentimento da culpa pois fazem com que o indivíduo se sinta repreendido, incapaz de fazer escolhas assertivas, e como consequência, constroem crenças de que existe sempre uma única opção de felicidade que é comum a todos os seres – ou pelo menos aos pais –  e que portanto, esta deve ser escolhida.
É deste modo que às vezes adiamos uma decisão e que postergamos uma escolha. Devido ao medo de nos frustrarmos e termos que lidar com as punições decorrentes da desaprovação de outrem, adiamos a possibilidade de sermos felizes.
É importante reconhecer quais os benefícios em se adiar uma decisão, geralmente o indivíduo por medo de arriscar, permanece na situação que é conhecida para ele, deste modo evita se experimentar em situações novas, evita fazer o esforço para se reconstruir. O que ocorre neste modo de funcionamento é o desconhecimento das implicações de cada escolha, por mais rotineira que seja, na vida de cada um.
Você já parou para pensar sobre o porquê de você estar exatamente onde se encontra? Algumas pessoas tem a sensação de que somente estão passando pela vida, e lamentam essa passividade. Isto ocorre porque não compreendem que elas estão se colocando neste lugar, que apesar de estarem aceitando o que lhes aparece, encontram-se insatisfeitas, e somente cada uma delas poderá construir a sua felicidade através de situações que as satisfaçam.
Por isso é tão importante nos apropriarmos das escolhas que fazemos, termos consciência do porque delas, e identificarmos os medos por trás de cada vontade de mudar. E entendermos que o sofrimento diante de uma frustração, ou de um “erro”, é melhor administrado quando não é somado ao sentimento de culpa ou de incapacidade.
Perceba como você está baseando as suas escolhas, e se você está satisfeita (o) com a sua vida neste momento, é você o autor dela. E sobretudo,  lembre-se: “Todas as maneiras de abreviar o tempo não o poupam.” – Madame de Steal.