sexta-feira, 24 de junho de 2016

Por que resistimos à mudanças?


Ir ou ficar, arriscar ou permanecer, tentar ou se lamentar, enfrentar ou justificar?
Costumo dizer que a zona de conforto é como uma caixa. Para viver nela a pessoa precisa se adaptar (se encolher) aos limites que ela apresenta. Mas esse encolhimento vai acontecendo e a pessoa nem percebe, quando vê já está com traumas enormes por causa do encolhimento, da tentativa de pertencer a algo que não cabe mais, que a limita. Á
s vezes essa caixa é representada por um emprego que não possibilita crescimento profissional, outras vezes pode ser um relacionamento por comodidade, uma relação familiar que impõe regras cruéis, amizades infiéis...

E a pessoa cresce e sente que cada vez mais é desconfortável viver dentro dessas situações, tentar se moldar a algo que não lhe acolhe como ela é. 


>>> Mas, então por que ela não sai da caixa? <<<


Porque teme o desconhecido! A caixa é desconfortável sim, contudo ela também é cômoda pois oferece uma segurança velada, como a pessoa já desenvolveu formas de se encaixar nela, sabe exatamente o que fazer para se adaptar. O grande problema é que quando a pessoa toma consciência do quanto é desconfortável viver sobre os limites de outrem, mais ela se sente cansada. Algumas vezes a pessoa até se culpa por não conseguir ser o que o outro quer, ou por não conseguir se adequar aos limites impostos. *Ás vezes até procuram a terapia para tentarem se moldar ao outro como se houvesse uma regra estabelecendo que as expectativas e limites impostos são corretas.


Bem, algumas pessoas nem ousam sentir suas vontades porque sabem que isso implicará mudança (sair da caixa) e ás vezes não se quer romper com a caixa e construir um novo modo de viver e assumir as implicações dessa mudança. Entende por que é tão difícil mudar? Porque mudança implica em abrir mão de, corresponde a uma construção. E algumas pessoas, por vários motivos tem medo de tornarem-se construtores (responsáveis) pela própria vida.


Lembre-se que: Querer implica movimento, e movimento implica independência, independência implica responsabilidades. Então... Ser responsável significa assumir as consequências das suas próprias escolhas. 


⚠Diante disso, perceba quais as justificativas você tem utilizado para se manter onde você está, qual o motivo de ficar na sua zona de conforto, e quais as suas expectativas em relação à caixa na qual se encontra! E saiba que... 


Um barco no porto está sempre seguro. Mas não foi pra isso que ele foi feito.

domingo, 19 de junho de 2016

Culpa II

Tem uma música que diz assim: "Qual é o peso da culpa que eu carrego nos braços?
Me entorta as costas e dá um cansaço(...)"
👉Certamente você já passou por alguma situação em que se sentiu culpado por fazer aquilo que queria, uma sensação de que não podia querer... E sabe o por quê? Porque existe uma exigência constante sobre nós a respeito de atendermos o outro e cumprirmos com as expectativas que ele cria sobre nós. O interessante é que do mesmo modo que somos sujeitos desta situação, nos transformamos também em agentes dela e é aí que exigimos também do outro comportamentos específicos, ou, no mínimo esperamos que ele corresponda aquilo que planejamos. Então, quando abrimos mão do que nos é imposto, geralmente causamos desconforto em uma relação. Decepcionamos, frustramos, incomodamos àqueles que desejavam que fôssemos de acordo com os seus planos.
Entende por que muitas vezes nos culpamos por sermos autênticos às nossas vontades? Algumas pessoas vivem tanto para satisfazer as expectativas do outro que por fim não se reconhecem mais e não sabem o que querem, sentem-se perdidos e infiéis consigo. É comum procurarem terapia se queixando porque não conseguem se adaptar ao outro, ou se culpando por não ser como o outro queria. 👉 Sabe o que você pode fazer a respeito? Escutar os seus desejos, atender as suas vontades e se apaixonar por quem você é: se descobrir. O autoconhecimento é a chave para entrar em contato com esses tesouros pessoais, com quem se é. 💡Procure um psicólogo, esse profissional é capacitado para lhe auxiliar nesse processo.
Mude a letra da música: "abra as suas asas, solte suas feras, caia na candaia (...)
Seja leve. Seja você!

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Se solta!

Vivemos em uma sociedade que exige cada vez mais que sejamos excelentes em todas as áreas, e essa educação vem desde a infância. Antes mesmo da criança nascer, os pais já estruturam a forma como irão educar o filho. Quando o bebê nasce, de todos os lados se escuta palpites sobre a melhor forma de educa-lo: "Não dê de mamar quando ele pede, tem que ser no teu horário", "Cuidado! Não dê carinho demais para ele não ficar manhoso"... Quando a criança cresce os pais e professores tendem a exigir comportamentos adultos já para a criança: "Não sente assim!", "Tenha modos!", "Você não pode falar enquanto come!", "Você não deve falar tudo o que quer"... E por aí vai.As aulas de etiqueta também são um exemplo. Tende-se a condicionar os indivíduos à regras rígidas, sem considerar a sua espontaneidade e o quanto é saudável às vezes, desviar de padrões que punem e tolhem a capacidade criativa das pessoas.

Em geral, a sociedade - e todos nós fazemos parte dela - exige que sejamos perfeitos, condicionados e exigentes também; afinal, é um ciclo. Acabamos então por exigir e ou no mínimo esperar atitudes semelhantes dos demais. ⚠Então, tentamos nos ajustar tanto à uma sociedade "correta" que logo associamos que não podemos mostrar a nossa verdadeira face. Por isso nos policiamos tanto: escondemos nosso choro, nos distanciamos de sentimentos, negamos os nossos desejos, deixamos de gargalhar, de dançar devido ao pudor, deixamos de expressar o que sentimos para "não ficar feio". Como se devêssemos acertar sempre, ser cordial e polido sempre, como se tivéssemos que ser "certinhos" a todo momento. >>>Porém são inúmeros os conflitos que surgirão caso não conseguimos nos expressar de acordo com as nossas emoções e optarmos por viver nos policiando. 

✔Portanto, podemos começar a modificar isso NOS PERMITINDO ser espontâneos, valorizando os sentimentos e pulsões ao invés das regras e adaptações. Lembre-se: Indivíduos livres são a origem de uma sociedade saudável!

E se...

Ana sente vontade de dizer que não concorda com Marcos e que não quer aceitar as suas imposições. Assim, Ana deseja  mostrar o seu posicionamento quanto à conduta de Marcos, porém para evitar conflitos, acaba por se calar e consequentemente fazer parte da turma daqueles que pensam como Marcos e que aceitam as imposições dele.


 

Você sabia que aqueles desejos que não são expressados podem se cristalizar e dar origem à disfunções físicas?
Pois é! Embora o silêncio às vezes seja fundamental para expressar respeito, para evitar entrar em jogos psicológicos e para demonstrar maturidade; ele também pode comprometer a saúde do indivíduo, principalmente quando o pensamento e a ação estão em harmonia mas são barradas por uma moral repressora. 


>>Portanto, é fundamental identificar o que tem bloqueado os seus desejos, como esses bloqueios tem se apresentado no corpo, e porque optou-se por calar aquilo que deseja. Ou seja, para que Ana seja livre e saudável, precisa identificar que possui um real desejo de se expressar, porém, como teme perder o "amor" de Marcos acaba não se posicionando e evitando conflitos, e consequentemente, concordando com tudo o que Marcos lhe impõe.


É importante esclarecer que as neuroses somente são elaboradas quando são expressadas, ou seja, quando se tornam conscientes e as suas emoções são manifestadas. Portanto, perceba o que você tem calado, bloqueado, negado, e verifique como está o seu corpo. Procure um psicólogo para lhe auxiliar a ser espontâneo, livre e, saudável. 

Lembre -se que esse "não dizer" pode abrigar sentimentos de culpa, frustrações; arrependimentos, apego, dores no corpo, alergias, inflamações... 


Tudo bem que a discrição seja uma virtude, mas fazer-se ouvir é um ato de respeito para si próprio, para com os seus sentimentos e emoções. É um salto em direção à liberdade!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Príncipe ou Sapo? Real x Ideal

Você compra um pacote de salgadinhos achando que ele virá cheio de besteiras crocantes, você pinta o cabelo de ruivo achando que vai ficar idêntica à mocinha da novela, você investe todo o seu potencial no seu emprego achando que finalmente vai subir de cargo, você namora com o menino porque ele parece O príncipe.

Só que quando você compra o salgadinho percebe que o pacote está cheio de ar, quando você pinta o cabelo percebe que não ficou com o rosto e o corpo e a vida da mocinha da novela, quando você se empenha no seu emprego percebe que seu chefe promoveu o seu colega, quando você namora o príncipe acaba vendo que: "Poxa, ele não tem um cavalo branco!"

E depois das tentativas de ser satisfeita por algo ou por alguém, você percebe que parou de comprar os salgadinhos porque eles não vem na quantidade suficiente para a sua fome, você percebe que parou de pintar os cabelos de ruivo porque a tinta não lhe deixa como você queria, percebe que você saiu do emprego porque não foi reconhecida pelo chefe, percebe que terminou o namoro porque príncipe que se preze tem que ter um cavalo branco.

O que todos esses fatos tem em comum? A nossa tendência em criar expectativas, se decepcionar e culpar o outro ou a "coisa" como incapazes de nos satisfazer. O ponto principal é a idealização que temos a respeito da vida, como se fosse possível viver num conto de fadas durante todo o tempo, como se a todo momento tivéssemos que encontrar àquilo que classificamos como ideal para nós. 
 E aí surgem os questionamentos: "Por que quero muito uma coisa e quando consigo, perco o interesse?", "Por que fulano não é assim?", "Por que eu consegui o que tanto queria e não me senti como imaginei que me sentiria?", "Por que 'as pessoas me decepcionam' tanto?", "Por que as coisas não são como eu quero?"


A psicanálise nos mostra que quando desejamos alguma coisa estamos buscando algo que nos satisfazia no passado e que perdemos, e que, a partir do momento que saciamos o nosso desejo no presente perdemos a vontade de tê-lo e partimos em busca de outra forma de satisfação futura, ou de outro objeto de desejo com base naquilo que perdemos ou não temos ainda.

Complicado de entender? Bem, vamos a parte menos complexa: É importante sabermos que o objeto de desejo nunca é real, na verdade buscamos neles aquilo que julgamos ideal, aquilo que esperamos que ele seja para nos satisfazer. Por isso que desvalorizamos o objeto de desejo assim que ele se torna real, porque enquanto real ele não consegue mais satisfazer as nossas idealizações e fantasias, enquanto real ele possui falhas e não tem o dever de corresponder às nossas expectativas. Esse segundo Freud, é o conflito básico entre o real e o ideal.

Essa reflexão abre um outro questionamento: Por que muitas pessoas preferem viver as paixões do que entrar em contato com o amor? A resposta é: Porque enquanto apaixonado o indivíduo vive em um mundo ideal, enxerga no outro tudo aquilo que deseja para si. Porém quando é frustrado pelo outro a pessoa apaixonada acaba perdendo o interesse: "ele não serve para mim", e acaba desistindo da relação.
É por isso que rotineiramente desistimos daquilo que tanto queríamos, porque quando nos aproximamos do nosso objeto de desejo percebemos a sua verdadeira forma e julgamos que ele não poderá satisfazer as nossas expectativas. Ou seja, optamos pela manutenção do ideal e assim excluímos aquele sonho, aquele desejo, aquela pessoa de nossos planos porque achamos que eles não possuem a capacidade de nos satisfazer. Mas, cabe ressaltar que quando não desistimos do nosso objeto de desejo, é muito comum nessas situações que "obriguemos" aquele objeto a ser conforme idealizamos, como gostaríamos que fosse. Assim podemos entender os papéis desempenhados pelos parceiros nos relacionamentos, algo do tipo: "Eu mando e você obedece", "Eu faço tudo o que você quiser"...
Bem, dessa forma fica mais fácil compreender que a causa das nossas frustrações corresponde às expectativas - idealizações que temos sobre as nossas paixões.



Contudo, para que esses aspectos de idealização, frustração, expectativa e realidade, sejam elaborados, é necessário identificar de onde eles vem, qual a qualidade dos afetos, e de que modo eles estão interferindo nas relações interpessoais e na vida em geral, dentre outros fatores.É importante lembrar sempre que os indivíduos não correspondem à uma conta matemática simples, cada um possui sua singularidade, sua história de vida e condições para que se estruture de tal forma. Para isso é fundamental procurar auxílio psicológico para que o psicólogo avalie e proponha um projeto terapêutico singular, específico e adequado para cada indivíduo.