quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Prazer x Responsabilidade: Como conquistar o equilíbrio?

Quem é que não gosta de comer uma comida gostosa, ouvir uma boa música, rir com os amigos, namorar, assistir filmes e séries…? Todas as atividades que são orientadas pelo prazer são facilmente desenvolvidas por qualquer pessoa, principalmente se essas atividades exigem pouco esforço para a sua execução: assistir a um filme, dormir, ouvir música… Isso porque o nosso corpo gasta menos energia executando estas atividades, o que contribui para diminuição do desgaste físico e emocional.
O problema é quando o contato com o prazer se torna exagerado, é como um remédio que tem o objetivo de curar ou amenizar a dor, mas que quando usado em grandes proporções se torna um veneno capaz de trazer sérios danos para o indivíduo.
Algumas pessoas relatam em terapia que não possuem “freio” para os prazeres, não conseguem controlar as suas emoções e buscam constantemente obter alguma satisfação mesmo sabendo que poderão sofrer prejuízos significativos devido a isso. É o caso de pessoas que compram indiscriminadamente apesar das dívidas que já possuem, que comem de forma descontrolada apesar de saberem que isso acarretará em culpa e posteriormente, insatisfação, pessoas que traem embora temam as consequências da descoberta pelo (a) seu (sua) parceiro (a). Associado a estes comportamentos está a dificuldade de lidar com qualquer tipo de frustração mesmo que ela prive somente alguns poucos minutos de prazer e mesmo que insistir em um prazer traga mais prejuízos do que lidar com a frustração momentânea. A fuga é um mecanismo comum diante do contato com a frustração, e vem geralmente associada a raiva descomedida por ser privado de alguma satisfação.
Os excessos denotam dificuldade de encontrar sentido na vida além das satisfações proporcionadas por fatores externos. Logo, o indivíduo passa a desenvolver uma compulsão por prazer na tentativa de não entrar em contato com a sensação de vazio, tristeza e falta de sentido com relação a própria vida. Todos estes comportamentos escondem traços depressivos, e podem não ser identificados pelo indivíduo, suas queixas estão mais baseadas na dificuldade de insistir em algumas atividades e perda de interesse em atividades que antes ofereciam satisfação. Ás vezes as queixas surgem através de irritabilidade com algo ou com alguém que limita seu prazer, e sobretudo, com a falta de controle sobre algo ou alguém.
Dois passos são fundamentais para lidar com esta situação: é necessário aprender a “apertar o freio dos prazeres”, e sanar as insatisfações que constituem o gatilho básico para a busca constante por prazeres.
Um modo de apertar o freio dos prazeres é intercalando os mesmos com alguma responsabilidade. É necessário treino e dedicação, e a motivação para esta dedicação pode partir através da identificação dos prejuízos que se tem ao seguir a vida baseado na procura por satisfações o tempo todo. Então, quando o indivíduo perceber que por trás de cada prazer há um prejuízo, poderá construir mentalmente um novo modelo para viver a curto, médio e longo prazos. Através das metas que devem começar brandas, o indivíduo poderá avançar não de forma a substituir aquilo que o satisfaz por aquilo que não o satisfaz, mas sim buscando enfrentar as insatisfações até que o prazer se torne uma recompensa por ter cumprido algumas responsabilidades.
Para lidar com as insatisfações é necessário identificar que mensagem que elas passam, às vezes, crenças disfuncionais é que alimentam a fuga daquilo que julga-se não ser prazeroso e ao enfrentar as insatisfações ou responsabilidades, se observa que elas nem exigem tanto esforço assim, e que podem ser conciliadas com prazeres.
A busca por um profissional da psicologia é importante para desenvolvimento do autoconhecimento, identificação de crenças negativas, elaboração de sofrimento e construção de novas formas de enxergar a vida. Pense nisso, o seu maior prazer deverá ser a construção da sua própria paz.

"Eu não sinto" - Qual a relação entre o toque e a afetividade?

O tato é o primeiro canal de comunicação do indivíduo com o mundo. É através do toque que o bebê sente que existe algo além dele mesmo, que percebe sensações como frio, calor, que identifica se o toque lhe dá prazer ou dor. A pele é o órgão responsável por receber o toque, é através dela que as sensações são recebidas e identificadas.
As sensações que cada indivíduo tem ao ser tocado estão relacionadas ao modo como ele recebeu carícias na infância. Assim como todos os mamíferos, os bebês humanos possuem a necessidade de se sentirem seguros e aconchegados, e a forma como buscam a satisfação desta necessidade é através do contato próximo com outro, e que se dá principalmente com os seus genitores. Assim, será através das carícias que o bebê obterá o afeto e a intimidade que precisa, já o alimento e a tonalidade da voz dos pais, por exemplo, serão complementos e reforçadores destas carícias, justamente porque a pele é o primeiro plano da consciência humana.
O ser humano por possuir capacidade simbólica de interpretar e dar significado às suas experiências, consegue dar significado ao toque, simbolizar e interpretar por exemplo um aperto de mãos ou um cafuné, uma massagem, um beijo, uma relação sexual, sendo que este significado será dado de acordo com os limiares de prazer e desprazer que as sensações trazem.
Se você, quando criança caiu e machucou os joelhos e pediu para a mãe cuidar dos ferimentos, sabe o quanto o toque alivia dores. Se você já perdeu alguém e no momento do sofrimento recebeu um abraço, sabe o quanto o toque pode confortar. Se você já sentiu muito medo de enfrentar uma situação e naquele momento teve uma mão para segurar a sua, sabe o encorajamento que o toque traz.
Contudo, não são todos os indivíduos que conseguem integrar o ato de  tocar com os sentimentos. Para algumas pessoas, tocar e ter sentimentos são canais totalmente diferentes onde um independe do outro. A falta de contato corporal ainda nos primeiros anos de vida contribui para a dissociação do sentir e do pensar, estruturando desta forma personalidades que trazem consigo uma sensação constante de vazio, medo de entrega afetiva, falta de contato corporal e tendência a racionalizações. Assim, entende-se que a forma como as necessidades de carícias foram supridas na infância será expressada no modo como o indivíduo quando adulto irá demonstrar seus sentimentos tanto para si quanto para àqueles com quem se relacionar.
O medo de sentir dor é o conflito básico de indivíduos que possuem tendência a racionalização e dissociação dos sentimentos, isso porque em algum momento da sua vida este ser entrou em contato com situações de extremo sofrimento buscando na razão uma forma de evitar entrar em contato com qualquer tipo de dor. Contudo, ao evitar-se entrar em contato com a dor, evita-se também entrar em contato com o prazer, o que contribui para o fortalecimento da sensação de vazio existencial e de insatisfação constantes.
Uma forma de lidar com o medo de sentir é tentar identificando a visão que o indivíduo tem de si, e principalmente, quais ganhos e prejuízos de fortalecer este traço de carácter. Identificar comportamentos que contribuem para a fuga dos sentimentos também possibilita um reajuste comportamental, contudo, a mudança principal precisa ser a partir dos próprios sentimentos. Quando avaliamos todas as crenças apreendidas no decorrer da nossa vida, começamos a sentir as emoções que elas causam e o que está indiretamente contido nelas. É assim que a elaboração de traumas e conflitos que justificam o bloqueio emocional podem ocorrer.
Se você se identifica, busque auxílio psicológico, perceba o que o medo de sentir tem trazido para a sua vida, e como você gostaria de preencher a sensação de vazio existencial que sente. Se permita mudar, é através do toque que conseguimos identificar sentimentos registrados na nossa psiquê e ressignificá-los.