domingo, 20 de agosto de 2017

Como você lida com as frustrações?

Receber um “não” é sem dúvidas, frustrante, afinal, ele corresponde a uma negação da satisfação de um desejo ou de uma necessidade que não depende unicamente de nós. Quando somos crianças não compreendemos bem as regras sociais, e somos movidos pelo desejo imediato, embora muitas vezes ele nada tenha a ver com uma real necessidade. Pedimos para a mãe nos deixar comer o doce antes do almoço e somos frustrados ao ouvir: “Agora não”. Choramos, tentamos barganhar, batemos o pé, brigamos, tudo em prol de satisfazermos a nossa vontade, de sermos atendidos, de ganharmos o conflito.
Acontece que conforme os anos passam, as regras sociais exigem que o indivíduo se adapte à elas, deixando de lado muitas vezes a sua própria vontade. Logo, o controle das próprias emoções se torna fundamental para uma convivência pacífica em sociedade. Contudo, algumas pessoas possuem dificuldade em se adaptar a regras, principalmente porque elas geralmente exigem responsabilidade e abdicação dos próprios prazeres.
Provavelmente você já ouviu a expressão: “Não sabe perder!”. Algumas pessoas não admitem uma frustração, apresentam dificuldade em aceitar determinada perda (por mais banal que ela possa parecer: jogos, competições, promoções…), e assim entram em contato com vários sentimentos que possuem representações extremamente dolorosas, geralmente associados aquilo que o “não” representava para elas na infância, agindo deste modo, como se ainda fossem crianças.
Há quem fique triste e melancólico, fazendo da perda uma barreira para a busca de novos “sim’s”, há quem considere que o “não” que fora recebido corresponde a uma punição por não ser merecedor, ou bom o suficiente, deste modo afetando a própria auto estima e podendo desenvolver quadros depressivos. Mas há também quem fique irritado e com dificuldade de controlar a própria raiva, agredindo verbal ou até fisicamente qualquer pessoa que tente amenizar a situação.
A capacidade de lidar com frustrações está diretamente ligada a forma como o indivíduo aprendeu a se ver diante da vida. Este aprendizado é construído ao longo da história de vida de cada pessoa, a forma como os pais ou educadores ensinaram a criança a lidar com perdas contribui significativamente para o modo dela se enxergar em sociedade.
Pessoas com comportamento imediatista, que lidaram precariamente com frustrações ou que não entraram em contato com elas porque conseguiram a satisfação de todas as suas vontades seja através de um choro, de um grito, birra ou briga, aprenderam que este é um meio de conseguir o que desejam, e diante do recebimento de um “não” agem desta mesma forma buscando transformá-lo em um “sim”. A agressividade diante da frustração também é comum em quem não aprendeu a pensar em sociedade, ou seja, além do seu próprio bem estar, deste modo, direta ou indiretamente descontam a raiva que sentem em quem se aproximar ou interromper os seus desejos.
Para lidar com as frustrações de forma saudável e adulta, é necessário analisar os sentimentos que um “não” causa, estes sentimentos precisam ser analisados para que seja identificada a sua origem e elaborada a sua causa. Esta alternativa é importante porque contribui para que o indivíduo reestruture a forma de ver a vida e também de se enxergar nela.
Compreender que desejos não são o mesmo que necessidades também é importante para a aceitação da frustração, quando a frustração for designada a uma necessidade, é fundamental que o indivíduo busque meios de exercer os seus direitos.
Aprender com o resultado das ações pregressas: brigas, discussões, conflitos, também auxilia no enfrentamento da frustração com uma nova ação, mais condizente com a idade e com a responsabilidade que se tem.
Por isso, ao perceber que você tem dificuldade de controlar as suas emoções diante de uma frustração, procure identificar os pensamentos e as sensações que surgem e busque auxílio psicológico para elaborar suas questões e aprender a administrar de forma saudável os “não’s” recebidos ao longo da sua vida.

Como você tem buscado a sua felicidade?

As exigências sociais, cada vez mais orientadas pela exposição da própria felicidade através das redes sociais possuem um implicante muito importante a ser analisado: a sensação de obrigatoriedade em se encaixar em padrões estabelecidos culturalmente.
E, diante das tentativas em se encaixar naquilo que é considerado bom para um determinado público, ás vezes acabamos relembrando dores há muito esquecidas, ou ainda, desenvolvendo consequências difíceis de serem administradas devido a crença que temos a nosso respeito diante da dificuldade em ser como as “pessoas felizes” são.
Ter vários amigos, frequentar diversos eventos, estar envolvido em alguns projetos sociais e profissionais, buscar constantemente novas paixões, novas ocupações, são comportamentos que implicam em movimento e este, muitas vezes é associado a felicidade. Contudo, em alguns momentos o movimento e a busca incessante por felicidade podem representar fugas de dores emocionais, e ou, pode indicar insegurança pessoal, afinal, quando seguimos os modelos de felicidade de alguém, confirmamos a dificuldade que temos em construirmos os nossos próprios modelos.
Estas exigências embora se dêem de forma velada, ou seja, nem sempre vem através de pedidos alheios, mas sim através das próprias comparações que fazemos com relação ao que o outro expõe, precisam ser observadas não como regras para conquistar a tão almejada felicidade, mas sim, como possibilidades, estratégias, alternativas para se sentir feliz.
Diante do término de um relacionamento conjugal por exemplo, algumas pessoas partem na busca de novas ocupações, formas de preencher a dor da frustração originária da perda do seu objeto de amor. Assim, tentam curar suas dores preenchendo todos os espaços vazios dentro de si, contudo, ainda assim não se sentem feliz porque a ocupação não é o alimento certo para preencher aquela dor mais profunda: a da perda. E dessa forma se sentem ainda mais distantes da felicidade, afinal, lidam tanto com a frustração originária da perda quanto com os sentimentos vinculados a impotência e ou incapacidade diante das tentativas de serem felizes.
Desta forma aprendem a substituir prazeres ao invés de curar dores, e, alimentam continuamente a própria insatisfação pessoal, retardando o processo de luto que é tão importante diante de perdas afetivas.
Se, diante das tentativas de se encaixar naquilo que representa ser feliz para o outro você se sentir frustrado, triste, irritado, preste atenção naquilo que você tem feito consigo. Todos nós possuímos capacidade de autoregulação, logo, todas as respostas necessárias para abrandar o sofrimento estão conosco, o que dificulta o acesso à elas é a tendência em buscarmos externamente, através de modelos estabelecidos, o caminho para a felicidade.
Cada indivíduo tem seu conceito de felicidade, contudo, algumas pessoas desconhecem o seu, por isso também que tentam viver aquilo que para o outro faz sentido. Esta tentativa é válida porque demonstra a busca por satisfação e logo, a necessidade de dar novos sentidos para a vida, contudo, se ao insistir nestes modelos você se perceber frustrado e insatisfeito, reconheça a importância de retornar para si e buscar internamente as respostas para as suas próprias perguntas.
Ás vezes você só precisa parar, descansar, e estar consigo. Ás vezes o vazio emocional não é devido a falta de companhia, mas sim da falta de respeito e de amor consigo.

domingo, 6 de agosto de 2017

O que você tem esperado da vida é compatível com o que você tem investido nela?

É comum a muitas pessoas o desejo de receber da vida a satisfação de todas as suas necessidades e desejos. Você provavelmente já quis muito que o outro o satisfizesse sem que para isso você tivesse que pedir o que precisava ou queria, ou ainda, já sentiu muita raiva por não ter sido atendido por quem você queria, no momento que queria e do jeito que você queria.
Para a psicoterapia corporal, ou Reichiana, uma abordagem da psicologia que busca compreender os comportamentos e emoções através da relação entre os bloqueios corporais e emocionais; estas características mencionadas acima correspondem ao traço de caracter chamado oral, que corresponde amplamente, a um padrão emocional e comportamental fixado na fase de desenvolvimento oral. O conflito básico do oral diz respeito ao seu direito de receber suporte afetivo, a sensação de privação é que faz com que ele queira receber sempre mais afeto e prazeres em geral, podendo negar as responsabilidades que a vida exige e dispensar toda forma de se esforçar para obter algo embora queira muito este “algo”. Como sente em si uma falta muito grande, solicita muito do outro o preenchimento das suas carências, podendo ficar depressivo ao entrar em contato com as suas “ausências”, e ficando agressivo quando é privado daquilo que quer.
O duelo entre dependência e independência é uma constante também na vida do oral, pois, do mesmo modo que poderá querer receber amor, poderá devido ao medo da frustração, negar qualquer manifestação de amor numa tentativa de evitar uma hipotética rejeição, esta também é uma forma de afirmar que “não precisa de ninguém” e assim evitar novamente o medo de não ser satisfeito pelo o outro embora o seu desejo íntimo é ser amparado e satisfeito por alguém.
É comum que responsabilizem o outro ou o mundo pelas suas frustrações e tristezas, pois não conseguem enxergar-se protagonistas diante da vida, se vêem apenas como o “mocinho” ou a “mocinha” que se tornam vítimas dos vilões da vida que ora são representados pelo (a)  chefe, cônjuge, amigos, pais…
O grande desafio de quem possui predominantemente este traço de caracter é conseguir se suprir emocionalmente se tornando independente de forma saudável e não forçada, compreendendo que não é mais um bebê e que precisará construir o seu mundo de acordo com as suas próprias demandas.
Todos tem o direito de se sentir tristes por não serem atendidos, mas a situação para que não envolva sofrimento precisa ser vista de forma realista e não através das próprias neuroses de rejeição, privação ou abandono que o indivíduo possui e que foram originadas na infância, predominantemente em momentos onde ele enquanto criança precisava receber suporte afetivo. São estes conflitos que contribuem para sofrimentos diante de situações que por si só não tem esta implicação diretamente na vida adulta.
Por isso, antes de perguntar se o outro está sendo uma boa pessoa para você, se questione se você tem sido uma boa pessoa para si. Utilize o amor próprio para construir a sua maturidade emocional e assim, se tornar protagonista da própria vida. Embora o mundo não corresponda a todas as expectativas que criamos, podemos nos aproximar da nossa satisfação fazendo a nossa parte, e é este movimento de investir naquilo que se quer que  contribuirá para a própria felicidade, que precisa ser desenvolvido, sem raiva, orgulho e prepotência, mas simplesmente pela compreensão que por mais que se queira, o mundo não é uma eterna mãe e nós, não somos eternas crianças.
Reflita sobre como você tem se relacionado com o mundo e quais expectativas você tem criado para com ele e com as pessoas em geral, e observe como você tem contribuído com a sua parte para a satisfação dos seus desejos e necessidades. Deste modo, procure auxílio psicológico para elaborar os conflitos que orientam os comportamentos, esta ação corresponde a dar um passo em direção ao auto cuidado e ao respeito por si, além de ser um investimento em relações mais saudáveis e maduras.