O medo de se sentir
abandonada (o) faz com que você evite se relacionar afetivamente?
A
ideia de um novo relacionamento é geralmente permeada de sentimentos intensos
como paixão, carinho, vontade de estar perto, de auxiliar o outro, de ser
aceita (o) do jeitinho que se é, desejo de amar e de ser amada (o). Quando
existe um encantamento pelo o universo que o outro oferece, automaticamente o
interesse é voltado para o mundo dele, e com isso surge a vontade de fazer
parte desta realidade que é apresentada. Com isso, consequentemente surge a vontade
de se envolver afetivamente e de se vincular àquele que nos despertou interesse.
Então, para que este envolvimento seja saudável no momento presente, é esperado
que exista uma troca afetiva mútua/recíproca pois será ela que irá possibilitar
o desenvolvimento de vínculos concretos e estáveis, e com menos probabilidades de frustrações. Ou seja, é a segurança de que
existe uma entrega afetiva de ambas as partes que possibilitará que as sementes
dos sentimentos que circundam uma relação germinem e dêem frutos. Contudo, não é sempre que se consegue enxergar
ou admitir que o solo é fértil para o plantio, e que é possível entregar-se
saudavelmente ao relacionamento. Isso ocorre por diversos fatores, predominando
o fator medo de sofrer como sentimento
paralisante e as vezes, limitador.
O
medo do abandono e da rejeição são
frequentes em inícios de relacionamento. Isso porque ainda se desconhece o
outro, e não se sabe como ele irá reagir com a nossa forma de ser. É muito
diferente por exemplo, de se relacionar com algum amigo íntimo ou familiar,
pois sabemos como eles lidam com alguns comportamentos que temos, sabemos o que
os faz irem embora e o que os mantém na relação. Porém relações novas não nos
permitem ter este conhecimento, pois, assim como nós não sabemos se vamos gostar do
comportamento alheio também não sabemos se ela (ele) gostará do nosso. E é esse
não saber que geralmente gera angústia e medo intensos, fazendo com que o
indivíduo evite a relação. Esse "evitar" é frequentemente baseado na
ideia de sofrer no futuro, por isso elimina-se a possibilidade de ser feliz no
hoje.
Você
deve estar se perguntando como saber se existe reciprocidade no interesse em
investir na relação, afinal, é este o elemento base que dá movimento ao
processo de se envolverem. Embora as
frustrações sejam necessárias para sabermos lidar com a falta de controle sobre
tudo, para termos maturidade e compreensão dos nossos limites, ninguém deseja
se frustrar ou sofrer deliberadamente. Por isso, diante de uma possibilidade de
relacionamento, é importante identificarmos quais sentimentos estão emergindo em
nós quando estamos em contato real com o outro, e assim portanto, por que e
para que estamos ali. Essas análises
pessoais nos possibilitam identificar quais os nossos objetivos e expectativas
para com o outro e qual o formato de relacionamento desejamos, para então, a
partir destes conhecimentos, nos comportarmos de acordo com os nossos desejos e
expectativas.
Quando
somos sinceros conosco e assumimos as nossas reais pretensões fica mais claro
nos movermos ao encontro do que queremos. Contudo, é fundamental que mostremos
também para o outro esses desejos, é assim que conheceremos o posicionamento
dele frente às nossas pretensões, tomando assim a decisão de seguir adiante e
nos envolvermos ou de recuarmos e nos afastarmos, ou modificarmos de forma
saudável os nossos desejos para que sejam atendidos dentro das possibilidades
que o outro claramente nos oferece.
Por
isso, analise seus reais interesses e a forma como você os demonstra, e se
certifique de que o outro está recebendo a sua mensagem conforme você gostaria
que recebesse. Os sinais dele serão critérios para você avaliar se ambos estão
de acordo com os mesmos objetivos para com a relação, ou seja, se podem se
envolver no momento presente ou se para evitar frustrações, é melhor se
distanciar.
É
importante salientar que cada indivíduo tem a sua forma de gostar, de se
envolver, de se relacionar e demonstrar os seus sentimentos, e que portanto,
dificilmente a forma como cada um expressa o que sente será idêntica. Contudo,
é fundamental compreender as intenções por trás de cada gesto e se esses gestos
são positivos ou não para quem os recebe. Mas que é somente através do
envolvimento que esse "conhecerem-se" ocorrerá.
Desta
forma, é saudável analisarmos sempre se a situação/relação nos oferece um risco
real ou se são os nossos medos que estão criando fantasias com o intuito de não
nos envolvermos. Se os riscos são reais precisamos observar quais os ganhos que
a situação oferece no momento presente e se através deles conseguimos ainda
manter o foco no nosso objetivo. Se os medos são baseados em fantasias que não
condizem com a realidade, ou seja, se o outro demonstra que tem os mesmos
objetivos que nós, precisamos compreender o porque da nossa insegurança, o
auxílio psicológico é fundamental principalmente nesta situação.
A
dor precisa ser vivida somente no momento presente, qualquer dor que seja
baseada em um futuro é fantasiosa e limitadora pois o que ocorre é uma fuga do
que é real (que é somente o hoje). Um questionamento importante a se fazer é:
"E hoje, até onde eu consigo ir?" Não é necessário passar dos
limites, podemos ir até onde temos condições. Mas adiar a felicidade por medo
do que virá é sofrer pelo o que ainda não existe, e que pode nem vir acontecer.
Conhecer as nossas intenções e respeitá-las, bem como conhecer o outro é o mapa
de toda relação. Usufrua do que você tem hoje mesmo que seja uma relação
recente, se assegure de estar se sentindo bem e se permita viver o presente. E
lembre-se de fazer isso amanhã também! O futuro é construído de vários
"hojes", faça de cada hoje um "para sempre" para você.
Pense nisso!
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