Você
certamente já comeu uma sobremesa muito gostosa, tão gostosa que dava vontade
de repetir de novo. Mas ao repetir, sei lá, "do nada" ela ficou
enjoativa. A garganta começou arranhar e aí você percebeu que a experiência já
não estava mais sendo boa, ela de repente tinha se transformado em mal estar.
Linha tênue né? Pois é, eu poderia falar sobre como os excessos às vezes se transformam
em intoxicação mas talvez até aqui você tenha conseguido refletir sobre isto,
então neste momento quero conversar com você sobre desconhecer os próprios
limites, as próprias satisfações, sobre não ter uma boa relação com o seu termômetro
físico e emocional.
Gente,
como fazer escolhas às vezes se torna um processo extremamente difícil e
amedrontador, nestas vezes parece tão mais fácil ouvir alguém e atender
exatamente o que este alguém nos diz, né? "O que você acha que eu devo
fazer?" - Esta é uma pergunta que eu costumo ouvir nos primeiros
atendimentos - nos primeiros porque no decorrer do processo terapêutico o paciente vai percebendo que não dou
respostas porque simplesmente não tenho este direito, somente ele tem.
"Será
que eu estou me poupando de estresse ou será que estou procrastinando algo que
eu preciso fazer?" Eu honestamente não sei responder esta questão, mas eu
posso te fazer outras para que você pense um pouco sobre si:
·
Qual a sua condição emocional neste exato
momento?
·
O que o seu corpo está pedindo?
·
Quais as consequências de atendê-lo?
·
Depois da satisfação que seu corpo está
pedindo, você poderá novamente perguntar para si qual a sua nova condição
emocional?
A
insatisfação crônica aparece quando a pessoa não aceita o fim daquilo que é
prazeroso e por não aceitar, quer sempre mais, e assim fica completamente
dependente dos prazeres para viver, ela se torna refém dos próprios desejos.
Contar
com o desejo para realizar algo que estabelecemos como importante ou necessário
para a nossa vida - mesmo que a satisfação venha a longo prazo - é bastante
arriscado e até mesmo infantil. Não pegue esta última palavra com uma conotação
pejorativa, pois, só quero te dizer que é a criança que faz do desejo o seu
mestre, é ela que conta com ele para emocionalmente se movimentar na vida. Não, o
desejo não vai aparecer sempre e ele também não regerá as nossas escolhas o
tempo inteiro, até porque não é necessário. Podemos fazer escolhas que estão
ligadas a outros correspondentes emocionais desde que essas escolhas combinem
com o que queremos para nós.
É
como descansar, o bem estar só aparecerá porque descansamos, ou seja, porque
estivemos cansados e o ato de descansar aliviou a nossa fadiga. O descanso só
tem efeito reparador quando há cansaço. E para que haja cansaço é necessário
ter um movimento em prol do esforço e que nem sempre virá atrelado ao prazer
imediato.
Quem
sabe você a partir da leitura deste artigo, possa se perceber mais no seu dia a
dia para identificar qual a linha que separa o seu autocuidado da
pocrastinação, talvez você até já saiba e apenas precisa assumir
conscientemente quando está em contato com um ou com o outro.
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