Jéssica Horácio de
Souza
Psicóloga CRP
12/14394
Psicoterapeuta
Corporal
"Eu
quero que você me ajude a esquecê-lo", "Eu só queria apagá-la da
minha mente", "Por que ela fez isso comigo?", "Eu só queria
saber como ele está"... Essas e outras frases são comuns no processo de
rompimento de uma relação. Algumas pessoas inclusive relatam a dor da perda
como uma dor física, sentem uma tristeza tão profunda que acabam tendo
sensações corporais como falta de ar, dores no peito, distúrbios no sono, queda
da imunidade, falta de apetite...
O
sofrimento causado pelo rompimento de uma relação é particular, cada indivíduo
experimenta a dor da perda de uma forma. Porém, algumas características são
específicas do luto. Sim, cada perda - independente de envolver morte ou não -
envolve a elaboração do luto. Fazem parte deste processo as seguintes etapas:
·
Negação:
"Eu
estou bem!"
·
Raiva:
"Não
é justo!"
·
Negociação:
"Eu
faria qualquer coisa..."
·
Depressão: "Eu estou tão
triste/Minha vida acabou"
·
Aceitação:
"Era
pra ser/Tudo dará certo!".
Deste
modo, o luto corresponde a um processo natural de vivência da perda, neste
processo o indivíduo fica tão focado na sua dor que não consegue observar a
realidade a sua volta, reforçando como consequência o seu estado de tristeza.
Algumas
pessoas, ao finalizarem um relacionamento tem dificuldade de se desprenderem do
seu objeto de amor e com isso ficam revivendo o passado, buscando
justificativas para o término, enaltecendo o (a) parceiro (a) com quem se
envolveu, tentando se manter conectadas a qualquer resquício do que construíram
embora isso não exista mais.
Quando
a perda não é elaborada, ou seja, quando os motivos reais do sofrimento não são
compreendidos, a tendência é que o indivíduo permaneça fixado na dor, não dando
atenção às outras áreas da sua vida. Com isso sofre também pela dificuldade de
se adaptar a sua nova rotina. Uma vez que está fixado na dor do término, não
consegue reconstruir a sua vida. Através da negação da realidade, podem viver
na espera de uma reconciliação, ou também, idealizar o que viveram como um modo
de fugir do fim do relacionamento.
Contudo,
a fuga da realidade não auxilia na remissão do sofrimento. Embora seja doloroso,
o luto precisa ser vivenciado pois é ele que fará com que o indivíduo enfrente
a sua dor, possibilitando posteriormente a aceitação da realidade na qual se
encontra. Não existe uma duração específica para a vivência das etapas do luto.
Algumas pessoas vivenciam várias fases/etapas concomitantes, outras permanecem
fixadas durante muito tempo em uma determinada fase, outras conseguem elaborar
o sofrimento com maior facilidade. Tudo isso dependerá do vínculo afetivo
desenvolvido na relação que terminou, nas crenças que o indivíduo possui, na
forma como ele se percebe no mundo, sua história de vida, seus conflitos
internos...
Porém,
é de extrema importância reconhecer se o sofrimento está influenciando
negativamente em outras áreas da vida do indivíduo, se ele é persistente e se está
contribuindo para o desenvolvimento de quadros patológicos. De todo modo, é
fundamental buscar auxílio psicológico para lidar com os conteúdos que trazem
sofrimento e para ser orientado e acompanhado diante das fases oriundas deste
processo doloroso.
A
partir disso será possível obter aprendizados com a relação que terminou, bem
como tornar-se responsável também pela relação, e, identificar comportamentos negativos para
assim evitar reproduzi-los nos relacionamentos futuros. Contudo, para chegar a
este estágio é necessário fazer contato com o sofrimento: chorar quando sentir
vontade, não mascarar a dor, conversar com alguém a respeito dos próprios
questionamentos.
Lembre-se:
A dor se torna maior quando negamos a sua existência. Para ser elaborada ela
precisa ser sentida. Não é um processo fácil, mas sem dúvidas é o caminho mais
eficaz para a remissão do sofrimento e para a reconstrução pessoal.
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