quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Será que ele (a) me ama?

"Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se." 

Inicio este artigo com a parte de uma crônica escrita por Martha Medeiros, onde a escritora sensivelmente e sem perder a coerência racional, assume que existe uma diferença entre ser informado sobre ser amado e entre sentir-se de fato amado.

É importante compreendermos primeiramente o que significa amar. O amor possui um significado amplo, cada cultura (sociedade, período histórico, educação) experimenta de uma forma particular este sentimento. E toda sociedade é construída por indivíduos que possuem sua subjetividade, seus traumas, conflitos, seus desejos, suas necessidades. Por isso o conceito de amor é tão particular, e é sentido e expresso de maneiras diferentes.

Porém há pessoas que diante de um relacionamento, não conseguem reconhecer o amor do parceiro para consigo. E se queixam constantemente de não serem amadas, de não se sentirem amadas. Com isso, desenvolvem comportamentos incompatíveis com a relação, fruto da insegurança e do sentimento de raiva e ou de frustração por não receberem o amor que tanto almejam.

Perante a insatisfação amorosa, pergunto a alguns pacientes:
>>>Como é o amor que você deseja receber?<<<

A partir da resposta verificamos juntos quais as características deste amor: se ele é real ou idealizado, se é baseado em um amor infantil, se ele é romântico, dependente, ou maduro...


  • Em algumas situações é necessário desconstruir as fantasias, para isso juntos compreendemos o porque de te-las criado e como podemos elaborar o trauma para então entrar em contato com a realidade e transforma-la (para não reproduzir novamente o ciclo irreal).
  • Também precisamos identificar o tipo de amor recebido na infância e como ele foi compreendido pela criança (algumas pessoas imaginam que o cônjuge deve desempenhar o mesmo papel do pai e da mãe...).
  • É essencial verificarmos de que modo o parceiro foi informado de que existe uma insatisfação na relação vivenciada pela outra parte (algumas pessoas esperam que o outro adivinhe o seu descontentamento ao invés de informa-lo).
  • A partir desses eixos é possível "filtrar" o sentimento de amor baseado na realidade e tomar as medidas adequadas para busca-lo (saber se o parceiro quer ajustar algumas demonstrações de afeto, se é possível fazer uma troca nas mudanças ou expressões do amor, como é possível auxiliar o parceiro caso ele não saiba como começar...).
A partir do momento que nos conhecemos melhor, conseguimos identificar o que queremos, por que queremos e o que faremos para conquistar este nosso desejo. Assim conseguimos também, expressar para o outro, de forma clara, objetiva, sensível e empática o que desejamos. Lembrando sempre que o outro pode ter o direito de não querer se ajustar à relação ou às necessidades alheias, e que diante disso poderemos escolher satisfazer essas necessidades de outra forma, reconfigura-las, nega-las... Porém, quando sabemos o que realmente queremos, automaticamente já definimos o que não queremos. A empatia (colocar-se no lugar do outro) é sempre um excelente meio para identificar as limitações alheias, diminuir expectativas e buscar no lugar certo aquilo que queremos. Por isso, ao entrar em uma relação, identifique o que você busca nela e quais as suas expectativas, e coloque para o seu parceiro essas observações.  

Lembre-se: Não é culpa da laranjeira a sua expectativa de que ela dê maracujás. Somente você tem responsabilidade pelas expectativas que cria. E uma excelente forma de diminuir as expectativas e portanto, as frustrações, é enxergando a realidade e sendo sempre sincero consigo e com o outro.

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