De
acordo com o princípio da abordagem Reichiana (corporal), um indivíduo saudável
busca o prazer e evita o contato com a dor. Exemplificando, desejamos tudo
aquilo que no proporciona satisfação e recusamos tudo aquilo que consideramos
com potencialmente capaz de nos causar prejuízo e algum tipo de sofrimento.
Mas,
sendo assim, por que sofremos diante de algo que por si só é fonte de prazer?
É
provável que você já tenha sofrido por "amor", ou tenha se sentido confuso
diante da existência do amor. Então, se o amor é fonte de prazer e é a razão
das nossas relações e nossa pulsão de vida, por que sofremos por ele?
Bem,
nesse sentido é importante diferenciar o amor maduro da paixão ou do amor
romântico. Na paixão, ou no amor romântico, existe uma fuga da realidade: o
sujeito acaba vendo no seu objeto de desejo características que gostaria de ter
em si, supervalorizando assim o objeto de desejo e desvalorizando o seu próprio
ser. Já no amor maduro, existe um contato com a realidade, o encantamento
desaparece e o objeto de desejo é percebido como alguém também falho mas com
quem se deseja ainda assim partilhar os seus prazeres e dividir suas angústias.
O amor maduro é saudável porque existe um contato com o prazer ainda que na
realidade, diferente da paixão ou do amor romântico que afastam o indivíduo da
sua realidade e o aproximam da fantasia.
O
amor é sentido - vivido de acordo com cada estrutura de personalidade, isso
porque a personalidade é construída de acordo como foram vivenciadas as etapas de desenvolvimento psicossexual infantil. É a
forma como essas etapas foram satisfeitas
e a qualidade dessa satisfação que irão refletir no modo como o adulto
irá se relacionar. Ou seja, a tonalidade dos afetos de um indivíduo adulto depende de fatores estruturais
satisfeitos e ou negligenciados ainda na sua infância. Quando somos crianças
ainda não temos a formação do nosso ego,
ou seja, não temos ainda a racionalização do sentir, temos "somente"
o nosso sentir, ou o nosso self.
Contudo, a forma que sentimos irá construir o nosso "eu mental", o
nosso ego.
No
amor maduro o indivíduo se entrega ao seu self,
ou seja, o ego se entrega ao
sentimento.
Assim
fica mais fácil compreender porque "sofremos por amor". Como sabemos,
a forma como fomos nutridos afetivamente na infância refletirá nas nossas
relações quando adultos. O medo de não ser amado, de não receber o suficiente,
ou a fixação nos ganhos constantes de afeto acabam norteando nossa forma de se
relacionar com o outro. É assim que o nosso ego
(processo mental) teme se entregar ao self
(sensações) pois teme ser aniquilado, teme perder o controle e sofrer.
O amor
maduro não é uma entrega do self, mas uma entrega ao self. O ego entrega
sua
hegemonia sobre a personalidade ao coração, mas nessa entrega ele não é
aniquilado.
Em vez disso, é fortalecido porque suas raízes no corpo são nutridas pela
alegria que
o corpo sente. Na declaração “eu amo você”, o “eu” torna-se tão forte
quanto o
sentimento de amor. Pode-se dizer que o amor maduro é auto afirmativo.
(LOWEN,
1997, p. 120).
O
amor maduro corresponde a capacidade de fortalecer o próprio self e
disponibilizá-lo ao outro, não lhe dando amor, mas estando aberto e se
mostrando de forma autêntica e espontânea, partilhando o próprio self com o
outro.
Lowen diz
que é impossível ter um relacionamento amoroso maduro se os envolvidos
não são
maduros o suficiente, o que seria a capacidade de apoiarem-se sozinhos – se
necessário
– e capazes de expressar seus sentimentos livremente. A maturidade, na qualaceitamos
nossos medos, fraquezas e manipulações, é o que permite conhecer o próprio self
eentrar em contato com ele. E, por fim, “uma entrega sadia ao próprio corpo
e seus sentimentosé a entrega ao amor” (Lowen, 1997 apud Glasenapp, Gonçalves e
Sapelli, 2014, p. 9).
Existem
outras diversas especificidades que caracterizam o sofrimento gerado pelo
processo de amar, contudo é fundamental compreender que nossas relações são
originadas pela nossa complexidade afetiva e mental, e que o equilíbrio somente
é encontrado quando os sentimentos, os processos mentais e o corpo encontram-se
interligados e em harmonia.
O
psicólogo clínico é um profissional que possui competência e habilidade para
lhe auxiliar a identificar o que está lhe impedindo de ser saudável e feliz, e
assim contribuir para que você encontre o seu equilíbrio psíquico (cognitivo,
corporal e emocional). Saiba mais!
(As informações foram embasadas no artigo de Cristian Glasenapp, Cristiandrei Gonçalves e Carlos Sapelli: "O amor na perspectiva da psicologia corporal: Um estudo Neo-Reichiano segundo Alexander Lowen").
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